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Argentina: eventos climáticos extremos impactam violentamente a economia

Argentina se encontra entre seca e geada em pleno verão, com pesquisas indicando agravamento dos eventos climáticos ao longo do tempo.

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argentina eventos climáticos extremos
Seca na Argentina - Foto La Nacion

Argentina – eventos climáticos extremos gera seca e geada em pleno verão.

Pesquisas indicam agravamento dos eventos climáticos ao longo do tempo.

Por Alcides Faria, diretor executivo da Ecoa

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Créditos: Trinaliv/WikiCommons

Um consórcio de empresas agrícolas da Argentina – CREA – trouxe a público, no começo de março, alerta de que o País está a caminho de perder mais de 20 bilhões de dólares este ano devido queda  na produção agrícola causada por um desastre climático que afetou a maioria das regiões produtivas com seca e geada. Sim, geada no meio do verão. A seca é descrita como a pior em 60 anos.

A colheita de soja prevista para a safra 2022/2023 era de 50 milhões de toneladas, mas não deve ultrapassar 31,2 milhões. O milho deve alcançar 38,6 milhões, bem abaixo das 55,2 milhões de toneladas esperada. É a menor safra de soja em 23 anos, segundo a Bolsa de Comércio de Rosário (BCR). A safra de grãos totais, incluindo o trigo, deve ter 50 milhões de toneladas a menos.

O impacto da seca na economia durante 2023 será muito grave com redução provável de até 3% no Produto Interno Bruto (PIB). O governo nacional calculava uma expansão de 2% para o ano. Na receita tributária das exportações agrícolas argentinas, fundamentais para a economia do país, que sofre justamente com o baixo nível de reservas cambiais, além de uma inflação próxima de 100% ao ano, já foi sentido na arrecadação de fevereiro de 2023. Entre o aumento da arrecadação esperado e o de fato arrecado a diferença foi de quase 27% a menos (109 x 82,3).

Os problemas da seca na Argentina alcançam também a pecuária, afetando 22 milhões de suas 52 milhões de cabeças de gado.

Argentina, eventos climáticos extremos estudados

Estudo, realizado por uma rede de cooperação acadêmica, a World Weather Attribution (WWA), com 17 cientistas da Argentina, Colômbia, França, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos, examinou as condições de seca nos últimos quatro meses de 2022 em áreas da Argentina, Brasil , Chile, Paraguai e Uruguai, concluindo que a sub-região recebeu os níveis mais baixos de precipitação em 35 anos (apenas 44% das médias anuais no caso da Argentina), o que combinado com as altas temperaturas agravou todo o quadro. Segundo o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, os meses de novembro a janeiro foram os mais quentes de sua história.

Pesquisadores da Argentina, Bolívia, Chile, Estados Unidos, França e Inglaterra, avaliam a evolução climática da parte Centro-sul da América do Sul – a partir do sul do Peru em um lado dos Andes e a da bacia do rio da Prata do outro lado, na perspectiva de elaborar o primeiro Atlas de Secas da América do Sul (SADA em inglês), a partir da consideração que os anéis das árvores contam a história climática ao longo dos anos – quando há falta de chuva elas concentram forças para sobreviver e crescem menos ou não crescem e os anéis se sobrepõem, quando chove razoavelmente e o solo tem água disponível, crescem, o que fica registrado nos anéis alargados.

Os pesquisadores estudaram cerca de 15 mil árvores de espécies longevas. SADA mostra que a frequência de secas severas e chuvas extremas generalizadas desde a década de 1960 não tem precedentes.

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