O Cumbaru (ou baru) é tema da sexta edição do boletim Sabores. O material faz parte do Programa “Valorização de Plantas Alimentícias do Cerrado e do Pantanal”, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
O fruto é uma leguminosa arbórea típica de formações florestais do Cerrado. Ocorre em quase todas as regiões do Brasil (exceto Sul) e em países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e Peru. A florada do baru é longa e se dá na estação chuvosa (geralmente, novembro-janeiro), porém há variação na quantidade de flores entre anos (isto é, a planta floresce muito num ano e menos no ano seguinte). A produção de frutos é irregular, pode variar de ano para ano e ocorre na estação seca.
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Para que as flores do baru produzam frutos, é preciso que haja polinização entre plantas diferentes. Ela é feita por abelhas nativas grandes e médias, sociais ou solitárias,
como as mamangavas, as abelhas-de-óleo (Epicharis, Centris) e as abelhas-das-orquídeas (Eufriesea, Euglossa) – que também polinizam as flores do maracujá, da acerola e dos ipês. Por outro lado, a abelha do mel ou “europa” (Apis mellifera) além de não ser nativa do Brasil, também não realiza boa polinização, ou seja, geralmente não faz transferência de pólen entre plantas diferentes! Na maioria das visitas coleta néctar sem polinizar e, pior, expulsa as abelhas nativas. A frutificação do baru definitivamente não combina com a abelha europa.
O baru é importante para a alimentação de animais silvestres como aves (arara-azul), morcegos, macacos e roedores como a cutia – eles ajudam na recomposição florestal ao dispersar suas sementes, além de bovinos. Possui múltiplos usos, principalmente alimentício e medicinal e na restauração ecológica, porque melhora o solo, aumenta a diversidade de plantas e animais e torna os ambientes mais resistentes às mudanças. Além disso, por ter fruto comestível e de valor econômico, atrai o interesse na restauração e uso em sistema silvipastoril, pois o retorno financeiro do investimento ocorre pelo extrativismo.