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A origem da vida no Cerrado

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As sementes são a base de tudo. É dali que a vida do Cerrado germina. É incrível pensar que de algo que pode ser pequeno, como a semente de um baru, germina um ser tão importante. Pensar em semente é pensar em vida, continuidade, descendência e conservação. O curso ministrado no Assentamento Andalucia, dos dias 13 a 15 de outubro, pela VerdeNovo Sementes Nativas tratou sobre o vasto conhecimento que engloba o tema. O mais peculiar de tudo é que esse extenso universo já estava na mente de cada participante do curso, pois as sementes tratadas germinam no quintal da casa deles: o Cerrado.  

O curso foi realizado em parceria entre WWF-Brasil e Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação (Ceppec), sendo que a equipe da Ecoa também esteve presente no evento. Quem ministrou o curso foi a bióloga, coletora de sementes, fundadora e CEO da VerdeNovo, uma empresa de impacto socioambiental, Bárbara Pacheco.  

Bárbara comenta que a semente está no imaginário das pessoas e “além de ser afetiva, é efetiva porque é a base de tudo. Tudo tem que começar de onde tudo começou, que é a semente nativa”. A bióloga e coletora afirma que o Cerrado sempre se reproduziu por semente então por que não plantar semente? “A semente traz a história de pessoas. As pessoas que são conectadas a sementes podem participar do processo. Pensar a semente no Cerrado é pensar restauração de áreas, de processos e de pessoas. Falar ecologia ambiental sem falar de social, não existe isso. Então a gente tem que juntar pessoas e a semente traz essa potência”. 

A cada exemplo de semente citada durante a oficina, os participantes percebiam que eles já tinham contato com aquilo no dia a dia deles. Mostrando assim o amplo conhecimento armazenado ao longo da experiencia sobre seu próprio ambiente.  

A extrativista do baru há quatro anos, Paula Bianca da Silva se encantou pelo curso. A moradora do assentamento Andalucia relata sua experiência com um sorriso. “Agora não vou mais sair do mato, colhendo semente. Foi importante porque a gente andava na mata e não dava muita importância pra semente. Agora você já fica com uma visão diferente, você vai na mata e vai ficar olhando nos pés de árvore se já tem semente, se dá pra colher”.  

Os participantes do curso, que eram assentados, indígenas e quilombolas, aprenderam a identificar os tipos de sementes e assim como trabalhar com cada uma. Existem sementes que voam, mas não abrem. Que abrem e voam. Que não abrem e não voam. Ou seja, há múltiplas sementes no Cerrado brasileiro e cada uma possui sua especificidade de trabalho. Há uma forma de coletar e beneficiar essas sementes dependendo da sua característica.  

O curso também tratou sobre mercado e organização social para a consolidação de uma rede de coletores de semente. Em tais pontos os participantes já estavam familiarizados pelo trabalho com o baru realizado no projeto Cadeia Socioprodutiva do Baru: agregando renda às famílias agroextrativistas no Mato Grosso do Sul e a proteção do Cerrado. O trabalho é executado pela Ecoa em parceria com o CEPPEC e com apoio da Fundação Banco do Brasil. O intuito da iniciativa é promover a estruturação da cadeia do baru, do beneficiamento até sua comercialização.

Confira algumas imagens do curso!!

Raquel Alves

Jornalista do núcleo de comunicação da Ecoa e comunicadora do projeto restauracción

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