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Dentro dos grupos prioritários para vacinação, comunidades ribeirinhas do Pantanal ainda não receberam a vacina

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Roberto, morador do Porto Amolar, na Serra do Amolar, aguarda por vacina ainda não prevista pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul. Foto: Iasmim Amiden.

Desde o anúncio sobre a aplicação do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 para os grupos prioritários (17/01/2021), onde estão incluídos na 1ª Fase, as comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas, a Ecoa acompanha de perto as famílias de comunidades do Pantanal à espera pela vacina. A situação da pandemia trouxe agravantes não só para a saúde destas famílias, mas para as atividades de subsistência, a falta de alimentos e de equipamentos de proteção individual, os quais a Ecoa articulou doações e entregas nos últimos meses.

Leonida Aires de Souza, 54, pescadora e artesã da Comunidade da Barra do São Lourenço, localizada no Pantanal, a 223 quilômetros a montante de Corumbá, MS, disse que a pandemia do novo coronavírus “nos impediu de tudo. Estamos impedidos de ir e vir, de resolver nossas coisas na cidade, os barcos empreiteiros diminuíram, as empresas de turismo não estão funcionando. Está complicado.”.

Roberto, morador do Porto Amolar, na Serra do Amolar, aguarda por vacina ainda não prevista pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul. Foto: Iasmim Amiden.

Roberto Carlos Conceição Arruda, 48, proprietário da pousada Dois Corações, localizada no Porto Amolar, a 206 quilômetros de Corumbá, MS, está impedido de ir à cidade desde março de 2020, quando foi decretada a pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Foi prometido que a vacinação ia chegar no mês de março desse ano e até agora nada.”, diz Roberto, que sobrevive do turismo, e já não pode mais receber clientes, por conta do risco de infecção pelo novo coronavírus.

A coordenadora do Programa Povo das Águas da Secretaria Especial de Cidadania e Direitos Humanos, de Corumbá, Elisama de Freitas Caballero, disse que o lote das vacinas para os ribeirinhos não tem previsão para chegar. Ana Paula Rezende Goldfinger, 37, gerente de imunização da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES/MS), disse que os ribeirinhos não estavam incluídos no grupo prioritário do plano de vacinação do estado e foi solicitada a inclusão ao Ministério da Saúde, em fevereiro deste ano, mas ainda não obtiveram resposta.

Enquanto isso, a SES, que trabalhou junto à Ecoa no auxílio às famílias ribeirinhas no ano passado durante os incêndios, solicitou à Ecoa um censo das comunidades do Pantanal, em MS. “A Coordenadoria de Ações em Saúde da SES entrou em contato conosco há duas semanas solicitando um censo das comunidades de Ladário, Miranda e Corumbá. Passei os dados baseado em dados oficiais das Prefeituras dos Municípios”, explicou André Luiz Siqueira, presidente da Ecoa.

As populações ribeirinhas precisam ser vacinadas in loco, assim como as comunidades indígenas, pois muitas famílias vivem em regiões isoladas sem o apoio de transporte particular. “Quando a gente fala de populações isoladas, é preciso uma campanha de vacinação para as respectivas localidades.”, complementa André.

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