– O país poderia economizar cerca de 23 TWh de energia até 2020.
– Há no mercado nacional um volume de cerca de US$ 260 bilhões disponíveis nas mais diversas formas de ações que visam utilizar a energia da melhor forma possível.
– o Brasil desperdiça anualmente cerca de meia Itaipu.
– Em 2026 o Brasil precisará de um incremento de 12 GW para o horário da ponta. Pode ser suprido com baterias.
Rio de Janeiro – O Brasil é um campo fértil para atuar em eficiência energética. Segundo estimativas da Empresa de Pesquisa Energética, o o país poderia economizar cerca de 23 TWh de energia até 2020
Em volume de investimentos em projetos com a finalidade de economizar energia, a estimativa apresentada pela Abesco é de que há no mercado nacional um volume de cerca de US$ 260 bilhões disponíveis nas mais diversas formas de ações que visam utilizar a energia da melhor forma possível.
O mercado é bastante conhecido, passa por ações como a substituição de equipamentos mais antigos e, portanto, menos eficientes, a troca de iluminação, entre outras. A meta é aproveitar ao máximo a produtividade do equipamento mais novo e promover a redução de custos operacionais, principalmente pela indústria. Mas, em paralelo, outra forma de eficientizar o uso da energia também começa a se tornar realidade, com a adoção das tecnologias disruptivas que o país vê avançar, com sistemas de geração distribuída solar fotovoltaica e, mais recentemente, com o uso de baterias.
De acordo com o diretor geral da Comerc Esco, Marcel Haratz, o Brasil desperdiça anualmente algo como meia Itaipu (tomando como dados a produção de 2016, quando bateu recorde de geração). As diversas modalidades de eficiência energética começam a ser mais comuns no Brasil, mas ainda assim o país está bastante atrasado em comparação a outros mercados no mundo. Mas já há tendências que podem ser viáveis por aqui, como o uso de baterias em parceria com os sistemas de GD pelos prosumidores ou mesmo o uso de baterias que podem ser carregadas com energia das distribuidoras fora do horário de ponta no lugar dos tradicionais geradores a diesel.
“Lá fora, as baterias já são amplamente utilizadas e esses dois caminhos são o que chamamos de tecnologias disruptivas do setor elétrico. A bateria pode ser carregada durante o horário fora da ponta enquanto é despachável no período em que a energia é mais cara e isso porque ainda não estamos falando do uso desses dispositivos com o preço horário no Brasil; quando isso for realidade no país, o mercado será muito mais dinâmico”, destacou ele em sua apresentação durante o segundo dia do 7º Encontro Nacional dos Consumidores de Energia.
Entre os benefícios que esses dispositivos apresentam está a possibilidade de redução de custos de forma direta, pois a bateria pode proporcionar a energia que seria consumida de diesel a um custo básico de R$ 800/MWh, e isso sem considerar os custos de manutenção do gerador. Outro fator destacado pelo executivo é a questão de atendimento à demanda de forma muito mais rápida do que a possível pelo gerador tradicional.
“Algumas operações não podem esperar a rampa de energia de um gerador dessa natureza, que pode levar cerca de 90 segundos. No caso da bateria, a reposição é de algo próximo a milissegundos”, apontou o executivo. “Uma estimativa é que em 2026 o Brasil precise de um incremento de 12 GW só para o horário da ponta e que podem ser supridos com baterias”, acrescentou ele.
Haratz argumentou que os preços das baterias já não se configuram um problema quando comparado com o passado. Ele relatou que desde 2010 o valores já caíram cerca de 80% e as previsões de investimentos cada vez maiores. O problema atual, continuou ele, é a questão do cambio que atualmente apresenta instabilidade. E, ao passo que aumenta a presença dessas baterias, até mesmo térmicas poderão ser substituídas com o tempo em função de sua possibilidade de despacho. Inclusive, destacou que fábricas já podem ser mantidas ligadas por meio desses equipamentos.
Alexandre Moana, presidente executivo da Abesco, destacou que uma questão importante atual no mercado nacional é de confiança. E há histórico para que o empresário possa ficar reticente quanto aos benefícios de investir recursos para reduzir o custo energético em um mundo que viu a MP 579, que de uma hora para outra poderia aumentar o retorno do investimento que, eventualmente, tivesse sido feito há pouco tempo.
“Se a confiança voltar, muitos farão investimentos em eficiência energética no país. Por isso eu digo, confiem no plano de eficiência, é algo bom e rentável, a tecnologia mudou de forma e a redução dos custos irá acontecer, há dinheiro e tecnologia que é renovada sempre, então a eficiência energética vai acontecer”, disse ele, que afirmou ainda que depois que há essa confiabilidade o investimento nessas ações passa a ser visto naturalmente como qualquer outro aporte que uma empresa faz normalmente.
Foto de Capa: Veroniki Thetis Chelioti (Unsplash)