Uma viagem ao lago mais alto do mundo

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Em novembro, participamos da 16ª Conferência Internacional da Rede Living Lakes, da Global Nature Fund. O evento aconteceu na cidade de Puno, no Peru, e Paula Isla, da equipe da Ecoa, representou a organização. A Ecoa integra a rede desde 2021 pelo trabalho de conservação e o desenvolvimento sustentável do Pantanal no Brasil, Bolívia e Paraguai.  

Relato escrito por Paula Isla Martins, bióloga e consultora da Ecoa

Do alto já era possível ver a diferença. Ao invés da planície verde que estamos acostumados, vários cumes marrons, alguns até com a ponta branquinha, que já mostravam que eu estava chegando em um local especial.

Cheguei no Peru dia 04 de dezembro, desembarquei no aeroporto de Juliaca e fui com a equipe do Living Lakes de van até Puno. Nosso hotel era em formato de barco e ficava literalmente na beira do lago Titicaca, o maior e mais alto lago do planeta. E sim, ele é gigante! Não é possível ver do outro lado. Falando em outro lado, o outro lado é a Bolívia, e lá a cidade principal tem nome de praia brasileira: Copacabana.

Mas voltando a Puno, por ser uma cidade muito alta (3800m acima do nível do mar), é um pouco difícil respirar. Para não passar mal, segui as recomendações dadas pela minha mãe que é peruana: não fiz muito esforço na chegada, comi de leve, descansei um pouco e tomei as pílulas de soroche (mal de altura). Mas até eu conseguir as minhas pílulas, acabei passando pela equipe médica do evento que após medir minha saturação, decidiu me deixar alguns minutos no oxigênio. A partir daí, minha vida foi outra! As cores voltaram a ter cor (se é que vocês me entendem) e eu passei a me sentir muito melhor. Fui jantar com o pessoal do evento, conhecer um pouco o trabalho de cada um e me preparar para o evento.

No dia seguinte, tivemos o encontro dos membros do Living Lakes. Foi aí que tive a oportunidade de subir ao palco e apresentar sobre o trabalho da Ecoa e como ela atua considerando as futuras gerações.

Após as nossas apresentações, cada membro da rede explicou o seu trabalho e como esse trabalho se adequa ao planejamento estratégico da Rede. Foi interessante conhecer iniciativas semelhantes às nossas na Guatemala, Mongólia, Colômbia, África do Sul, e muito mais. Saímos da palestra e fomos em uma feira local e em seguida em um desfile de moda de Puno, onde dançamos e nos divertimos com a população.

No dia seguinte começou a Conferência, com vários convidados principalmente do Peru e da Bolívia. Pela manhã foram feitas as solenidades e em seguida apresentação de projetos principalmente sobre a restauração de lagos.

Na quarta-feira foi a ida a campo para conhecer o lago Titicaca. E que surpresas nos aguardavam! Pegamos um barco no hotel e fomos passear! Nosso barco latino era o mais animado, fomos todos para a parte de cima do barco e a vista era espetacular. A água era de um turquesa magnífico!

Fomos em direção às ilhas de Uros, ilhas feitas de uma planta aquática chamada totora. Lá eles ensinavam como são feitas as ilhas, que levam um ano para serem finalizadas. A totora é a principal planta do lago, dela além da própria ilha, eles também fazem as casas, colchão, se alimentam delas, etc. É uma planta multiuso!

Depois de conhecer a ilha, fomos presenciar um ritual de agradecimento, onde uma mulher banhou-se no lago como oferenda.

Após isso, fomos visitar um cemitério inca.

A paisagem era belíssima com outro lago no pôr-do-sol. Foi mágico! A sensação de que somos muito pequenos diante da natureza espetacular nos mostra a importância dela para reger a vida na Terra e o quão precioso e importante é o nosso trabalho em defesa do meio ambiente. Me surpreendeu muito a viagem como um todo, mas essa vista foi o que mais me impactou e aqueceu meu coração.

No dia seguinte, último dia de evento, assistimos mais palestras sobre restauração de lagos e áreas úmidas e parcerias público-privadas para a restauração. Ao final, foi assinada e lida a Carta de Compromissos da rede Living Lakes. Por fim, tivemos uma confraternização no hotel com todos os membros, cada um vestindo algo típico de seu país, e claro, não poderia faltar futebol e havaianas.

Foi uma experiência única e espetacular! Sou grata à Ecoa por me dar a oportunidade de abrir minha mente, conhecer novas pessoas, lugares inimagináveis e poder me conectar com diferentes iniciativas. Conheci pessoas incríveis e amorosas, iniciativas espetaculares e todos juntos com um mesmo propósito que se fortalece a cada dia: proteger, conservar e restaurar lagos e áreas úmidas ao redor do planeta. Obrigada Living Lakes, Global Nature Fund e Ecoa por me mostrar que somos mais uma parte em meio a um todo muito diverso.

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