Em outubro de 1994, o Departamento de Ciência do Ambiente, da Universidade de Mato Grosso do Sul, promoveu o Seminário sobre a Hidrovia Paraguai-Paraná. O intuito do evento foi discutir os impactos ambientais e socioeconômicos a partir da megaobra para implantação da Hidrovia, assim como elencar recomendações para tomada de decisões referentes à hidrovia.
A iniciativa contou com a participação de representantes do Brasil e de outros países da América do Sul, e a partir da discussão foi gerado um documento histórico que reúne os principais pontos apresentados por pesquisadores e demais convidados.
A Hidrovia Paraguai-Paraná (HPP) é um empreendimento idealizado com a finalidade interligar Cáceres, no Mato Grosso, até Nueva Palmira, no Uruguai, totalizando cerca de 3.400km. Para sua construção, são exigidas obras de grande impacto como dragagem e retilinização de curvas dos rios.
Entre seus pontos de maior impacto, estão regiões mais preservadas do Pantanal.
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O material foi organizado pelas pesquisadoras Ieda Maria Bortolotto, (conselheira da Ecoa), Silvana Lucatto Moretti e Maria Angélica de Oliveira Bezerra.
Entre os participantes que trouxeram diversas contribuições para o Seminário, estavam Maurício Galinkin – uma referência nos estudos sobre a Hidrovia – assim como Alcides Faria, diretor institucional da Ecoa que há décadas monitora a polêmica proposta, que mesmo com diversos estudos que demonstram todo seu impacto, agora se consolida com a autorização por partes para construção de portos.
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A ameaça da Hidrovia: Um resumo
- O projeto Hidrovia Paraguai-Paraná (HPP) é um empreendimento idealizado com a finalidade de desenvolver um complexo hidroviário nestes rios, ligando Cáceres, no Mato Grosso, até Nueva Palmira, no Uruguai, totalizando cerca de 3.400km.
- As obras visam criar condições para a navegação 24 horas por dia de navios com calado de até três metros, que permitiria o aumento do transporte de cargas entre os cincos países pertencentes à bacia do Prata, Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
- Para a navegação dos comboios de barcaças, o megaprojeto exige obras pesadas. Seria necessário explodir rochas, acabar com as curvas dos rios e aprofundar o leito do rio Paraguai.
- O megaprojeto de 1987 foi rechaçado na década de 90, mas ele ressurge a cada tempo com novas feições, quase como uma fênix. A partir dos anos 2000 tentaram faze-lo por partes, sem apresentar o todo.
- A hidrovia Paraná-Paraguai é uma sentença de morte para o Pantanal: imagina o impacto de obras como a retilinização de rios para uma região tão frágil! Além disso, sua construção altera a dinâmica natural da água, ameaça animais pantaneiros e os povos que ali vivem.