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El Niño eleva temperaturas no outono corumbaense e sensação térmica chega aos 50°C

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Calor extremo dificulta atividades de profissionais como mototaxistas (Foto: Diário Online)

Diário Corumbaense

Oficialmente, o Brasil está no 19º dia do outono, estação de transição entre verão e inverno quando se registram mudanças bruscas do tempo e uma perceptível redução das chuvas em todo Mato Grosso do Sul. Historicamente, as temperaturas se tornam mais amenas, por causa da entrada de massas de ar frio. No entanto, a população corumbaense tem percebido que os primeiros dias dessa estação na cidade estão bastante quentes. A culpa dessa sensação é do El Niño, que ainda está passando pelo Centro-Oeste.

O mototaxista Eduardo Sabala está sofrendo para trabalhar neste calor. “Está sacrificado para a gente trabalhar. Tem que passar protetor, usar luva, camisa de manga comprida e molhar o pano para passar no rosto, está demais”, reclamou. Para ele, este outono está mais quente do que nos anos anteriores. “O calor está demais, a temperatura está mais alta, o calor é de dia e à noite”, disse Eduardo, enxugando o rosto com a sua toalhinha. Ele observou que o tempo está mais parecido com o período de verão.

Calor extremo dificulta atividades de profissionais como mototaxistas (Foto: Diário Online)
Calor extremo dificulta atividades de profissionais como mototaxistas (Foto: Diário Online)

Natural do sul de Minas Gerais, onde a temperatura média é de 30°, Miro Costa, há dez anos mora em Corumbá e não está conseguindo ver a diferença entre as estações do ano. “Eu acho que é calor demais que quase ninguém aguenta. O calor é 24 horas, sem limite. Para mim não tem diferença entre as estações, é tudo igual”, disse. Para amenizar a situação, Miro tem bebido muito líquido e aproveitado bem a sombra das árvores.

De acordo com dados da Estação Meteorológica Automática do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a máxima no mês de abril do ano passado em Corumbá chegou a 36,1°C, registrada como a temperatura mais alta daquele mês em todo Mato Grosso do Sul, enquanto a mínima alcançada foi de 21, 7°C. A menor umidade relativa do ar chegou a 36% no mesmo período, quando choveu apenas 29,4 milímetros.

Em comparação com as demais cidades analisadas pelo Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (CEMTEC), em termos de menores índices pluviométricos no mês de abril de 2015, Corumbá só perdeu para Coxim (3,2mm), Água Clara (3,4mm) e Três Lagoas (28,2mm). Em maio, a precipitação subiu para 133,2mm e junho voltou a ficar bastante seco, quando foi constatado volume de 4,2mm.

A previsão do CEMTEC para o mês de abril de 2016 é que as temperaturas fiquem dentro da média histórica na região de Corumbá, mas as chuvas ficarão abaixo da média. Segundo a meteorologia, não haverá frio em maio nas regiões de fronteira com a Bolívia e o Paraguai, e as temperaturas ultrapassarão os 35°C, com poucas chuvas.

Sensação de mormaço e temperaturas elevadas não são habituais nesse período
Sensação de mormaço e temperaturas elevadas não são habituais nesse período

Nos seis primeiros dias de 2016 a temperatura já alcançou os 37°C em Corumbá na sexta-feira (1º), no sábado (02), na segunda (04) e na terça-feira (05), segundo informações do Centro Meteorológico da Uniderp/Anhanguera. No entanto, a sensação térmica está castigando quem mora em Corumbá. No dia 1º de abril, quando a temperatura alcançou 37°C e a umidade relativa do ar chegou a 61%, a sensação térmica foi de 52°C. Do primeiro dia de outono ao dia 06 de abril do ano passado, a máxima chegou a 35,5°C.

Natálio Abrão Filho, meteorologista da Uniderp/Anhanguera, explicou que quando a umidade está elevada e a temperatura está alta, a sensação térmica é maior por causa do mormaço. No entanto, quando a umidade está mais baixa, a sensação é de queimação na pele. A média da umidade relativa do ar desde o início de outono está em 59% em Corumbá. A menor máxima aconteceu no dia 25 de março, quando a temperatura não ultrapassou os 24°C.

“Vai continuar assim por mais dez dias. Só deve mudar na segunda quinzena se uma frente fria conseguir vencer a massa de ar quente instalada no Centro-Oeste. Então pode cair um pouco a temperatura, mas não muito pela manhã. A culpa é do El Niño que está em fase de enfraquecimento pelo menos até julho”, esclareceu Natálio Abrão ao Diário Corumbaense.

Com o tempo mais seco, já é possível observar na cidade pessoas queimando mato e lixo, o que é proibido por lei, e os focos de queimadas começam a ficar mais perceptíveis. Desde o dia 20 de março, Corumbá já registrou 11 focos de queimadas, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O município está no topo do ranking do Estado, à frente de Sidrolândia com 07 focos, Rio Brilhante, Miranda e Água Clara, cada uma com registro de 06 focos. Desde 1º de janeiro, Corumbá já apresentou 69 focos de queimadas, número bem superior à segunda cidade na lista, colocação que ficou com Sidrolândia, com registro de 23 focos.

No calor os cuidados com a saúde devem ser redobrados

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o nível ideal da umidade relativa do ar para o ser humano gira em torno de 40% a 70%. Quando a umidade fica abaixo do nível recomendado, a saúde pode ser prejudicada. O tempo seco dificulta a dispersão de gases poluentes, que agravam a situação, provocam o ressecamento das mucosas e vias aéreas, tornando a pessoa mais vulnerável a crises de asma, doenças bacterianas e infecções virais.

Por isso mesmo é que as vacinas contra a gripe A sempre são previstas para serem disponibilizadas no Brasil no período do outono, pois o risco de proliferação da doença é maior. De acordo com o site do médico Dráuzio Varella, a baixa umidade do ar deixa o sangue mais denso por causa da desidratação e favorece o surgimento de problemas oculares e alergias. Quanto maior o período de estiagem, menor a umidade do ar.

O Instituto Nacional de Cardiologia recomenda às pessoas que têm problemas no coração que bebam bastante água e sucos naturais no período de temperaturas elevadas. Evitar locais abafados e com aglomeração de pessoas, usar roupas leves e alimentar-se bem também são recomendações. Diabéticos e obesos também são propensos a sofrer mais com altas temperaturas. O forte calor aumenta as chances de um acidente vascular cerebral (AVC) e de infarto, segundo cientistas da Universidade de Tecnologia de Queenslan, na Austrália. Para evitar esses riscos, recomenda-se hidratação com ingestão de muito líquido.

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