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Hidrelétrica privada terá 69% de recursos públicos

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Texto originalmente publicado em: 19/02/09

A hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, vai receber R$ 7.2 bilhões do BNDES, o maior investimento individual da história do banco. Controlada majoritariamente por capitais privados – grupo Suez e construtora Camargo Corrêa -, Jirau será financiada com 69% de dinheiro público. Junto com a usina, Santo Antônio, também no Rio Madeira, ela constitui uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Apesar do controle privado, Jirau tem participação de duas estatais do grupo Eletrobras – Chesf e Eletrosul – no capital. Com financiamento garantido do BNDES, os responsáveis pela obra de Jirau se comprometem a antecipar o início das operações: em um ano, ligando as turbinas em 2012. “Esse projeto é muito importante para o aumento da oferta de energia e para o desenvolvimento do país”, disse Wagner Bittencourt, diretor do BNDES.
 

A usina hidrelétrica de Jirau, que será construída no Rio Madeira, em Rondônia, recebeu ontem uma importante ajuda para sua viabilização: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que dará ao projeto o maior financiamento individual da sua história: R$7,2 bilhões. A usina de Jirau, controlada pelos grupos Suez e Camargo Correa, é majoritariamente privada, no grupo Energia Sustentável. No entanto, a Chesf e a Eletrosul, estatais do grupo Eletrobrás, têm 40% do capital. Jirau é uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, junto com a usina Santo Antônio, é o maior projeto de energia elétrica em execução no país. Jirau tem capacidade total de 3,3 mil megawatts (MW), suficientes para atender o consumo de 10 milhões de residências.

O financiamento do BNDES representa 68,5% do custo total da obra, estimado em R$10 bilhões. Com esses recursos garantidos, os responsáveis pela obra estimam antecipar o início de operação das primeiras turbinas já em 2012, um ano antes dos prazos iniciais previstos. Segundo a empresa, os recursos restantes (31,5%) dos investimentos virão dos próprios sócios.

O diretor da Área de Infraestrutura do BNDES, Wagner Bittencourt, destacou a importância do projeto para aumento da oferta de energia no país, e também para contribuir para o desenvolvimento regional.

– Esse projeto é muito importante para o aumento da oferta de energia e para o desenvolvimento do país – afirmou Bittencourt.

A usina hidrelétrica de Santo Antônio, também no Rio Madeira, terá 3,1 mil MW de capacidade e também recebeu financiamento de R$6,6 bilhões do BNDES no ano passado. O valor, no entanto, foi menor do que o agora destinado a Jirau.

O diretor do banco destacou que o BNDES vai também financiar parte dos investimentos da ordem de R$8 bilhões previstos para a construção das linhas de transmissão que vão interligar Porto Velho, em Rondônia, a Araraquara, em São Paulo.

Segundo a empresa Energia Sustentável, já foram iniciadas as obras de infraestrutura no local. Neste momento estão trabalhando na região cerca de mil operários. A estimativa é que durante as obras sejam gerados cerca de 12 mil empregos diretos e 30 mil indiretos.

O diretor do BNDES destacou que, diferentemente do que acontecia no passado, a usina de Jirau terá fortes investimentos em projetos socioambientais. Bittencourt destacou que a ideia é que o projeto, além de ter o menor impacto ambiental possível na região, tenha uma preocupação em desenvolver economicamente a região, para evitar que, quando as obras da usina terminem, não surjam áreas de favelização.

Por isso, o BNDES vai também conceder um financiamento de R$532 milhões, que serão distribuídos em 29 programas socioambientais, orçados em R$610 milhões.

A usina de Santo Antônio está sendo construída pelo Consórcio liderado pela Odebrecht, junto com a Andrade Gutierrez, Cemig e a estatal Furnas com 39% de capital.

O diretor do BNDES ressaltou que a procura de financiamentos da instituição por projetos de infraestrutura continua muito forte, apesar da crise financeira internacional. Bittencourt destacou que a previsão do banco é desembolsar este ano cerca de R$30 bilhões só em financiamentos para a infraestrutura, contra R$19 bilhões em 2008.

– Normalmente os projetos de infraestrutura sempre buscam recursos do BNDES. Tanto empresas privadas nacionais como estrangeiras têm demonstrado interesse em vários projetos do setor, como nas áreas de transportes, rodovias, portos e ferrovias – afirmou Bittencourt

Foto de capa de Noah Friedman-Rudovsky via The New York Times 

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