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Retrofit de hidrelétrica daria uma Belo Monte

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Estadão Conteúdo.

 

O Brasil poderia incluir quase uma nova Belo Monte no sistema elétrico nacional apenas com obras de melhorias em algumas hidrelétricas existentes. Atualmente, o País tem um parque hídrico de 109 mil megawatts (MW), composto por 1.495 usinas, muitas delas com idade superior a 50 anos. Se em 51 delas houvesse troca e renovação de alguns equipamentos, a expansão na capacidade instalada poderia chegar a 10 mil MW, segundo um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Ou seja, o potencial em todo o parque pode ser ainda maior.

Chamado de repotenciação, o processo implica substituição de peças, reforma de equipamentos ou instalação de novas turbinas para aumentar a potência ou melhorar a eficiência da usina. Em tempos de crise energética, com risco de racionamento por causa da baixa nos reservatórios, se o País tivesse equipamentos mais eficientes em algumas unidades antigas, quase centenárias, o aproveitamento da água seria maior, afirmam especialistas.

Esse processo – mais barato e com menos dificuldade de licenciamento ambiental – tem sido muito usado em vários países como forma de ampliar a capacidade instalada. De acordo com relatório da Associação Internacional de Hidrelétrica (IHA, na sigla em inglês), entre 2006 e 2016 70% do crescimento líquido da capacidade hidrelétrica dos Estados Unidos foi conseguido por meio de repotenciação de usinas existentes. Canadá e Rússia também têm programas em andamento nesse mesmo modelo.

Segundo a IHA, por volta de 2030 mais da metade da capacidade hidrelétrica mundial terá passado por repotenciação ou modernização e, até 2050, todas as usinas instaladas deverão ter realizado alguma ação semelhante. “As experiências internacionais mostram que o ganho pode chegar a 20% da capacidade. Mas o número exato só se conhece após projeto de engenharia e cálculos de viabilidade econômica”, diz Diego Almeida, pesquisador de mestrado e políticas públicas da UFRJ.

No Brasil, o “retrofit” de hidrelétricas ainda está em ritmo menos acelerado do que no restante do mundo. Uma das explicações é que, até bem pouco tempo atrás, o foco estava na construção das megausinas. Com as complicações ambientais e maior dificuldade para obter licenciamento ambiental para novas hidrelétricas, a repotenciação pode ser um paliativo. “Devemos lembrar, no entanto, que isso não substitui a necessidade de retomarmos a construção de novas usinas”, diz o presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch), Paulo Arbex.

Outro motivo do atraso do processo de repotenciação no Brasil é a questão regulatória. O objetivo da EPE ao fazer o levantamento com as 51 usinas – com potência acima de 100 MW e idade superior a 25 anos – foi exatamente levantar a discussão sobre o potencial existente e a necessidade de avanços na regulação. As mudanças envolvem sobretudo a remuneração da nova potência instalada – o Ministério de Minas e Energia está estudando o assunto.

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