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Animais do Pantanal: rica fauna pantaneira em imagens de monitoramento

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animais do pantanal

O Pantanal é rico em biodiversidade. Sua fauna e flora encantam a todos. Confira alguns dos animais do Pantanal.

  • Câmeras foram instaladas no Pantanal para mapeamento da fauna na região da Paisagem Modelo Pantanal, para auxiliar na indicação de áreas prioritárias para a restauração;
  • A Paisagem Modelo Pantanal é uma plataforma social que busca integrar múltiplos grupos para assim promover o manejo sustentável de uma região;
  • Na Paisagem Modelo Pantanal está em andamento o projeto Restauracción, que é executado pela Ecoa e conta com a atuação de 12 pesquisadores e pesquisadoras da Imperial College London, Smithsonian Conservation Biology Institute Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ);

 

O Pantanal é rico em biodiversidade. Sua fauna e flora cativam a todos. Alguns dos animais que compõe a riqueza pantaneira posaram para as câmeras instaladas na área da Paisagem Modelo Pantanal, no âmbito do projeto Restauracción que é executado pela Ecoa. A Paisagem Modelo está localizada na região de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e trata-se de uma plataforma social que busca integrar múltiplos grupos para assim promover o manejo sustentável de uma região. 

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As câmeras trapping, ou armadilhas fotográficas, foram instaladas pelo biólogo e consultor do projeto Restauracción, André Restel. O objetivo é coletar informações sobre a fauna local para assim auxiliar na indicação de áreas prioritárias para restauração. Os adoráveis flagrantes foram coletados no Parque Municipal Piraputangas, em Corumbá-MS, que funcionou como uma zona de controle para os dados, e nos assentamentos englobados pela Paisagem Modelo. Os dados coletados servem de base para a importância da restauração, que pode auxiliar na recuperação da fauna local. 

Um dos objetivos do projeto Restauracción é indicar áreas prioritárias para restauração, mas para isso é necessário levar em consideração questões ambientais e sociais. Com os dados sobre os animais da região e informações sociais, coletadas por outro consultor do projeto, é possível estabelecer essas áreas prioritárias. 

Veja abaixo alguns dos registros feitos dos animais pantaneiros!

Veado-catingueiro – Mazama gouazoubira

O veado-catingueiro é uma espécie de pequeno porte, com grandes orelhas em proporção à cabeça, com as pontas arredondadas. Com uma coloração que pode variar do marrom-acinzentada com garganta e região ventral esbranquiçada, os machos sexualmente ativos possuem chifres e as fêmeas são normalmente mais claras. Podendo pesar entre 11 e 30 Kg, medindo entre 91 e 104 centímetros de comprimento e algo entre 35 e 65 centímetros de altura.

Ocorre em vários ambientes, de florestas densas contínuas a savanas abertas com pequenas e poucas manchas de mata, mas sempre associado a florestas para abrigo e alimentação. Prefere o ecótono entre a floresta e o campo e áreas de floresta.

Seus principais predadores são os cachorros-do-mato e felinos, como onça-pintada (Panthera onca) e puma (Puma concolor). Sua população está em declínio devido perda de habitat, atropelamentos e a pressão de caça alta. No Brasil, é a espécie mais abundante de veado.

 

Tamanduá-bandeira – Myrmecophaga tridactyla 

O tamanduá-bandeira é um grande mamífero que pode chegar a 2m de comprimento e pesar 45kg. Está presente em todos os biomas brasileiros, mas seu estado de conservação é considerado vulnerável segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). 

Esse grande mamífero é lento, mas quando se sente ameaçado se levanta e mostra suas fortes garras. Inclusive é graças a essas fortes garras que ele consegue facilmente quebrar cupinzeiros e cavar formigueiros. Seu longo focinho e linha facilitam a captura de insetos. 

 

Cateto – Pecari tajacu 

Os catetos ocorrem em várias regiões, desde o sul dos Estados unidos até a região central da Argentina. Estão presentes em todos os biomas brasileiros, exceto no extremo sul do país. Seu status de conservação é pouco preocupante, mas a maior ameaça à espécie é a perda de habitat.  

A principal diferença da espécie com os suínos é a presença de glândulas que produzem forte odor para marcar território e ajudar no reconhecimento entre indivíduos. Além disso, os Catetos possuem dois filhotes normalmente, enquanto os suínos possem até 12.  

Medindo entre 84 e 106cm de comprimento e pesando entre 15 e 30kg, geralmente são chamados de porco-do-mato por sua semelhança com javalis. Seu corpo é castanho-acinzentado e tem uma faixa branca no pescoço, essa é inclusive a forma mais fácil de diferenciá-lo do queixada. A mancha branca do queixada vai da mandíbula até a parte superior do focinho.  

Onça-parda–Puma concolor

A onça-parda é o segundo maior felino das Américas e ocorre em diferentes biomas no continente, devido sua alta capacidade de adaptação. É a espécie terrestre com a mais ampla distribuição geográfica das Américas, ocorre desde o Canadá até o Chile.

A espécie pode medir até 150cm, sem considerar a calda, e pesar entre 53 e 72kg. O tamanho pode variar de acordo com o local, no Canadá e Chile, por exemplo, são animais maiores e mais robustos. Já as populações em regiões tropicais tendem a ser menores.

Assim como a maioria dos felinos, possuí hábitos crepusculares/noturnos, sendo mais ativas ao final da tarde. A espécie é solitária e oportunista, ou seja, se aproveita de qualquer chance para se alimentar. É um predador estritamente carnívoro, entretanto é a espécie entre os felinos mais generalista. Na ausência de presas grandes, pode se aproveitar de uma variedade de animais, como lagartos e aves. A estratégia de caça da onça-parda é diferente da onça-pintada, pois geralmente aniquila sua presa mordendo o pescoço e asfixiando-a.

O estado de conservação da espécie é tido como vulnerável, de acordo com o ICMBio e pouco preocupante de acordo com a IUCN. A caça esportiva, preventiva ou por retaliação ameaçam a existência das onças-pardas, além da perda de habitat e atropelamento.

 

Queixada–Tayassu pecari

Queixada é um mamífero encontrado em algumas áreas da América do Sul e da América Central. Por vezes, confundido com o Cateto, uma característica que o difere é o queixo branco. Queixadas são animais agressivos quando se sentem confrontados. O convívio social da espécie é organizado e existe uma hierarquia. 

Queixadas têm um comprimento de mais ou menos 1 metro, a sua pelagem varia entre tons de preto, cinza e marrom. No seu focinho, é possível observar umas partes brancas. Seu fica em torno de 40kg. A alimentação da espécie consiste em raízes, frutas, brotos de plantas e, ocasionalmente, pequenos animais. 

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e lista nacional do ICMBio, os animais estão em estado vulnerável de conservação. A gravidade da conservação varia de acordo com o bioma. Na Mata Atlântica, por exemplo, é considerado criticamente ameaçado, enquanto no Pantanal suas populações são tidas como estáveis. Perda de habitat e caça são algumas das ameaças à espécie.

Tamanduá-Mirim – Tamandua tetradactyla 

O tamanduá-mirim é uma espécie adaptadas para a vida em árvores e no chão. Seu status de conservação é pouco preocupante, mas comumente são encontrados atropelados em rodovias. 

O mamífero de médio porte, que não possui dentes, pode pedir entre 47 e 77cm de comprimento. Podendo pesar entre 5 e 7kg e geralmente os machos são maiores. A pelagem do tamanduá-mirim é uma amarelo-pálido com duas listras pretas. 

Essa espécie de tamanduá ocorre em grande parte da América Latina e está presente em todos os biomas brasileiros. São mais ativos durante o dia, mas podem ter hábitos noturnos em áreas com presença humana. 

Quati – Nasua nasua 

Outro animal compondo a fauna do Pantanal é o quati. Só existem duas espécies no mundo: Nasua nasua e Nasua narica. São exclusivos da América do Sul e ocorrem em todos os biomas brasileiros. Seu status de conservação é pouco preocupante. 

Medindo entre 46 a 66cm, além de sua cauda que varia entre 22 e 69cm, possui uma coloração amarelo-acinzentadas e focinho preto e alongado. Os quatis pesam em média 4kg e possuem hábitos diurnos, além de serem sociáveis. As fêmeas vivem em bandos e os machos sozinhos depois de adultos. 

Anta – Tapirus terrestris 

A anta é o maior mamífero terrestre da América do Sul. Existem cinco espécies de antas no mundo: uma na Ásia, uma na América Central e três na América do Sul. As antas são chamadas de jardineiras da floresta, por sua importância ecológica como dispersoras de sementes. Seu status de conservação é vulnerável devido à caça, desmatamento e alteração de seus habitats. 

No Brasil ocorrem principalmente no Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal. As antas podem pesar de 180 a 300kg e possuem 1m de altura e mais de 2m de comprimento. As fêmeas geralmente são maiores que os machos. 

Esse grande mamífero tem dentes fortes e uma visão ruim, mas sua audição e olfato são aguçados. Seu couro é grosso e resistente, gerando assim uma proteção contra predadores e vegetação densa. 

 

Cutia – Dasyprocta azarae 

Existem sete espécies de cutias no território brasileiro. A D.azarae é mais comum e ocorre no Pantanal. As curtias ocorrem em todos os biomas brasileiros, mas a D.azarae tem distribuição restrita à região centro-oeste, sul e sudeste do país. Existem poucos estudos sobre a cutia, por isso faltam dados para determinar seu status de conservação. Entretanto é um animal muito caçado por sua carne. 

A cutia é coberta por pelos não espinhosos e possui patas posteriores com três dedos. Podem medir entre 49 e 64cm, além de pesarem entre 1,5 e 5kg. Geralmente vivem próximas de água e em pares. Às vezes forma grupos maiores para se alimentarem em regiões com abundância de alimentos. 

 

Cachorro-do-mato – Cerdocyon thous 

Ocorrem em grande parte da América do Sul e em boa parte do território brasileiro, exceto em regiões da Amazônia, onde a espécie cachorro-do-mato-de-orelha-curta ocorre. O cachorro-do-mato possui ampla dieta, podendo até se alimentar de carcaças, e essa uma das razões para se adaptar melhor a ambientes já modificados pelo homem. Seu status de conservação não é preocupante. 

Medindo entre 57 e 77cm de cumprimento e pesando entre 4,5 e 8,5kg, o cachorro-do-mato possui patas escuras e orelhas arredondadas. Seus hábitos são predominantemente noturnos e costumam andar em pares. 

 

Macaco-prego-do-papo-amarelo – Sapajus cay 

A espécie ocorre em áreas de floresta úmida, no Pantanal e Chaco. Também habita florestas de galeria em algumas regiões no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A espécie é pequena e não apresenta diferenças físicas, como pelagem e tamanho, entre machos e fêmeas. 

O macaco-prego tem entre 40 e 45cm de comprimento e pesa entre 3 e 3,5kg. Sua pelagem tem coloração variável, mas normalmente é amarela pálida. Seu status de conservação não é preocupante, pois a espécie está presente em várias unidades de conservação no Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina.  

 

Tatu-galinha – Dasypus novemcinctus 

Ocorre em diversas regiões, desde o sul dos Estados Unidao até o noroeste do Uruguai. No Brasil, está presente na Caatinga, Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e no Pantanal. No Pantanal, o tatu-galinha habita desde a planície inundável até as áreas ao entorno.  

Os indivíduos da espécie observados na região pantaneira foram avistados no período noturno, isso pode ocorrer devido à preferência por temperaturas mais amenas. O tatu-galinha tem entre 39,5 e 57,3cm. Sua calda varia entre 29 e 45cm, além disso pode pesar entre 3,2 e 7,7 kg. Sua carapaça é parda escura e seus escudos são amarelados.  

Os tatu-galinhas jovens possuem pico de atividade durante a parte da manhã e fim da tarde, enquanto os adultos preferem o final da tarde e noite. 

 

Tatu-pebaEuphractus sexcinctus

O tatu-peba ocorre no leste da Bolívia, no Paraguai, Argentina e no Brasil. No Brasil, está presente no Pantanal, Pampas, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e leste da Amazônia.

A espécie tem aproximadamente 40cm de corpo e sua calda varia entre 11 e 24cm. Pesando entre 3,6 e 6,5kg, o Tatu-peba tem uma carapaça de coloração pard0-amarelada e cabeça em forma de cone, achatada na parte superior. Tatus-peba enxergam mal, mas em compensação seu olfato é aguçado.

Tatu-peba é uma espécie de hábitos diurnos, porém pode apresentar atividade noturna. Tem hábitos solitários, mas pode ser visto em pequenos grupos em época de reprodução ou quando se alimenta de carcaças grandes.

São onívoros, alimentando-se de frutas, insetos, pequenos répteis, anfíbios, roedores e ocasionalmente carniças. Seu status de conservação é pouco preocupante, tanto na lista nacional do ICMBio quanto pela IUCN. Apesar disso, uma das grandes ameaças é a caça por sua carne.

Jaguatirica – Leopardus pardalis 

A jaguatirica é um felino que ocorre em todo o território brasileiro, exceto no Pampa e no Rio Grande do Sul. O felino solitário é carnívoro e tem entre 64 e 101,5cm. Seu peso varia entre 7 e 16kg. É um animal que foi intensamente caçado por sua pele. Apesar de não estar na lista de espécies ameaçadas de extinção ainda sofre a destruição de seus habitats 

O único momento em que é possível ver jaguatiricas em pares é no período de reprodução ou quando as fêmeas estão com seus filhotes.  

 

Irara – Eira barbara 

A irara ou papa-mel é um dos animais do Pantanal e frequentemente é confundida com gato-mourisco. Ocorre em quase toda a América Latina e está presente em todos os biomas brasileiros. É excelente caçadora e por vezes agressiva. Seu status de conservação é pouco preocupante, mas as principais ameaças que esta espécie sofre é o desmatamento, atropelamento e morte por retaliação quando ataca pomares e galinhas em propriedade.  

As iraras possuem corpo alongado e esguio. Podem medir entre 55 e 71cm, além de pesar entre 3 e 7kg. Elas comem de tudo, desde frutas e insetos, até mel, pequenos vertebrados e roedores. 

 

Esquilo ou cachingulê – Hadrosciurus spadiceus 

É um roedor solitário com hábitos diurnos e arbóreos. Às vezes busca alimento no solo. Alimenta-se de frutas e leguminosas. Buscam abrigos em ocos de árvores e podem viver até seis anos. É predado por onça-pintada e jaguatirica, mas seu status de conservação é pouco preocupante, ou seja, não há grandes ameaças de extinção.  

 

Mutum-de-penacho macho – Craz fasciolata

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Com aproximadamente 83cm de comprimento e pesando 2,7kg o mutum apresenta variações entre machos e fêmeas. O macho é preto, com barriga branca, enquanto a fêmea tem menos pretas listradas de branco. Seu status de conservação vulnerável. 

O mutum se alimenta de frutos, folhas e brotos de plantas. Além disso, preda caramujos, gafanhotos, lagartixas e outros pequenos animais. A espécie habita o chão de matas de galeria e bordas de florestas densas. Vivendo em parte ou em pequenos grupos, o animal busca sempre o mesmo poleiro para dormir.  

 

Gralha-picaça – Cyanocorax chrysops 

A gralha-picaça é azul marinha, exceto na cabeça, e possuí cerca de 34cm de comprimento, além de 17cm de cauda. Seu canto é tagarelante e imita a voz de outras aves e mamíferos.  

Essa espécie, que se alimenta de insetos, frutos e ovos de outras aves, é ameaçada por granjeiros por roubar ovos dentro dos galinheiros. A gralha-picaça, possui uma excelente visão e habita matas, preferindo locais altos.  

 

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Raquel Alves

Jornalista do núcleo de comunicação da Ecoa e comunicadora do projeto restauracción

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