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Ecoa executa dois projetos de restauração no Pantanal

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Foto: Victor Hugo Sanches / Arquivo Ecoa

A restauração no Pantanal é essencial para combater a crise climática, para melhorias na segurança alimentar, fornecimento de água e proteção da biodiversidade da região.

  • A Organização das Nações Unidas (ONU) instaurou, em 2021, o Plano de Ação da Década da ONU para Restauração de Ecossistemas.
  • Na década da Restauração, a Ecoa executa dois projetos que trabalham com o tema no Pantanal.
  • A restauração no Pantanal promove geração de renda por meio das espécies nativas, recuperação de nascente e conservação de água.
  • A restauração ecológica consiste em alterar as áreas degradadas por uma série de eventos com a intenção de retomar o ecossistema para sua forma mais pura. 

Da terra vem o sustento dos seres vivos. É dela que nascem as árvores que garantem o ar que respiramos, é dela que obtemos alimentos. A terra é a base de tudo e é preciso falar de sua conservação e restauração no Pantanal. 

Cuidar e conservar são objetivos de quem preza pela natureza e entende sua importância para a vida, afinal ela é nossa casa. Porém, com o aumento da ocorrência e intensidade de ações que degradam e fragilizam os ecossistemas, ações de reflorestamento e restauração ambiental são cada dia mais necessárias.   

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Pensando nisso, a Organização das Nações Unidas (ONU) instaurou, em 2021, o Plano de Ação da Década da ONU para Restauração de Ecossistemas. Trata-se de um chamado global para que os membros das Nações Unidas reconheçam a importância da restauração de ecossistemas. O convite para a Década da Restauração estimula lideranças políticas, do setor privado e da sociedade civil a reforçar compromissos com a recuperação de áreas degradadas. 

A restauração ecológica consiste em alterar as áreas degradadas por uma série de eventos – desmatamento, incêndios, extração de minérios, poluição, mudanças climáticas, entre outros – com a intenção de retomar o ecossistema para sua forma mais pura, resgatando as espécies nativas e a biodiversidade local. 

Entre os benefícios da restauração, estão o combate à crise climática global, melhorias na segurança alimentar, fornecimento de água e proteção da biodiversidade. Além disso, a restauração ecológica promove geração de renda por meio das espécies nativas, recuperação de nascente e conservação de água, recuperação de microbacias hidrográficas e de paisagens. 

Foto: Victor Hugo Sanches / Arquivo Ecoa

Restauração no Pantanal 

Na década da Restauração, a Ecoa executa dois projetos que trabalham com o tema no Pantanal: Restauração estratégica e participativa no Pantanal: APA Baía Negra” e “Restauracción”, no âmbito da Paisagem Modelo Pantanal. O primeiro teve início em 2021 e é coordenado por André Luiz Siqueira, presidente da Ecoa e mestre em Estudos Fronteiriços, com o apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Já o projeto Restauracción teve seu início no final de 2022 e ocorre dentro da área da Paisagem Modelo Pantanal. A iniciativa é coordenada por André Nunes, pesquisador e doutor em Ecologia e Conservação.  

André Siqueira, presidente da Ecoa, reforça a importância da restauração no Pantanal, principalmente ao se considerar os incêndios que atingiram a região nos últimos anos.  

“O Pantanal foi varrido pelos incêndios de 2019 e 2020, em vários lugares onde nós já tínhamos sucessões ecológicas mais avançadas, que acabaram sendo devastadas”. 

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O presidente da Ecoa também explica que a atividade possui uma série de desafios. “Falar de restauração é extremamente complexo, porque se emprega muito esforço e recurso. É muito mais rápido degradar do que restaurar. A velocidade que você consegue restaurar, falando de paisagens e serviços ecossistêmicos, é infinitamente menor comparada com o quanto você consegue degradar. São vários os desafios, mas restaurar é fundamental”.  

Plantio de mudas na Área de Proteção Ambiental Baía Negra, em Ladário (MS) – Foto: Victor Hugo Sanches / Arquivo Ecoa

Conheça abaixo os projetos executados pela Ecoa para restaurar o Pantanal!

Restauração Estratégica e Participativa no Pantanal: Área de Proteção Ambiental

O projeto acontece na APA Baía Negra, em Ladário (MS). Promove ações de combate a processos de degradação ambiental em várias frentes de atuação. A iniciativa é coordenada pela Ecoa com o apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e conta com o envolvimento de moradores da região, órgãos públicos e pesquisadores para lidar com tais desafios.  

Mas por que restaurar a Área de Proteção Ambiental Baía Negra? A unidade de conservação sofreu deveras com os fortes incêndios dos últimos anos, potencializados pela seca que atinge a região pantaneira desde 2019. Segundo o Laboratório De Aplicações De Satélites Ambientais (LASA – UFRJ), em 2020, mais de 60% da área total da APA foi devastada pelo fogo. Há, portanto, grandes áreas degradadas pela ação do fogo que necessitam de restauração. 

Área de restauração, onde foram plantadas mudas nativas (Foto: Victor Hugo Sanches / Arquivo Ecoa)

 

Entre as ações do projeto, está o controle da Leucena. Trata-se de uma planta invasora que impede o crescimento de outras espécies e dominam grandes espaços da APA, o que enfraquece a biodiversidade local. Uma das propostas da iniciativa é a formação de uma brigada de controle da Leucena com moradores da região, que seriam responsáveis por monitorar e controlar a expansão da espécie. 

Outro desafio é restaurar áreas completamente degradadas pela mineração. São aproximadamente 11 hectares que foram minerados por quatro décadas, atividade finalizada somente em 2010. Na região, o objetivo do projeto é repor o solo para que, futuramente, seja possível a restauração das espécies nativas. Além disso, a região foi utilizada como lixão por parte de órgãos públicos e da população de cidades próximas. Para coleta superficial do lixo, foram realizados mutirões de limpeza.  

As ações mais recentes do projeto incluíram o plantio de mudas nativas, uma das etapas do processo de restauração. 

(Foto: Victor Hugo Sanches / Arquivo Ecoa)

Projeto Restauracción 

O projeto Restauracción ocorre na Paisagem Modelo Pantanal, que está estabelecida no oeste do Pantanal, na região de Corumbá (MS). É uma região rica em diversidade de ambientes, fauna e flora.  

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A Paisagem Modelo Pantanal é uma plataforma social que busca integrar múltiplos grupos para assim promover o manejo sustentável de uma região e a resolução de conflitos. Dentre os locais envolvidos, está a já citada APA Baía Negra, o Assentamento rural 72, Assentamento Rural Urucum, Região Maria Coelho, Parque Natural Municipal Piraputangas e mineradoras. 

(Foto: Victor Hugo Sanches / Arquivo Ecoa)

A Ecoa executa o projeto Restauracción com apoio do Serviço Florestal Canadense e suas atividades acontecem ao longo do primeiro semestre de 2023. Entre as ações, estão o reconhecimento de áreas prioritárias para restauração, a criação de brigada comunitária voluntária e o auxílio na consolidação do sistema de governança local. Além disso, também atua para expandir as atividades do projeto citado anteriormente, sendo que há atividades sendo desenvolvidas em conjunto.  

A consolidação da Paisagem Modelo do Pantanal é um dos objetivos centrais do projeto. Para isso, é importante frisar que todas as atividades possuem forte foco na igualdade de gênero e no envolvimento da comunidade e demais atores. Por isso, o diálogo com as pessoas que compõem essas regiões é essencial para a efetividade das ações. Em algumas das atividades, atuam como os principais colaboradores, tanto em conhecimento quanto em mão de obra.  

Victoria Amorim

Estudante de Jornalismo na UFMS e estagiária da Ecoa

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