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Para 66% das empresas, mudanças no clima devem afetar economia do país

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Executivos das maiores empresas que atuam no Brasil acreditam que a mudança do clima causará impacto muito negativo na economia e nos negócios. Segundo 66% deles, o fenômeno está por trás da alta no custo das matéria-primas e da energia, da escassez de água e até de dificuldades em conservar produtos – e a soma de tudo tende a reduzir a margem de lucro.

A maioria pensa que medidas de adaptação são benéficas tanto para as empresas como para o país e acha que o Brasil deveria adotar posições internacionais mais ambiciosas para lidar com o problema.

Esses são alguns dos resultados da pesquisa “Mudanças Climáticas – Grandes Empresas” feita pelo Datafolha a partir de cem entrevistas por telefone, entre 17 de março e 23 de abril, com os executivos responsáveis pelas áreas de planejamento ou investimentos das maiores empresas que atuam no Brasil, segundo o ranking do “Valor 1000”. O estudo foi feito a pedido do Observatório do Clima, rede de organizações da sociedade civil que atua no tema e busca estimular políticas públicas, e do Greenpeace.

Negócios desaquecidos

“O Brasil é muito vulnerável aos impactos da mudança do clima e, portanto, a economia é também vulnerável. O que nos pareceu muito positivo é que as empresas esperam que o governo faça mais”, diz Carlos Rittl, 46, secretário-executivo do Observatório do Clima.

“Grandes empresas se dizem preparadas para que o Brasil assuma posição de liderança, um compromisso ambicioso que não dependa do que os outros países venham a fazer”, afirma Rittl. “Temos que fazer o que é do nosso interesse. É importante para o clima, para o Brasil, para a economia.”

O governo está estruturando a meta brasileira de redução de emissões e de contribuição ao esforço global (INDC no jargão das negociações climáticas) e deve divulgá-la nos próximos meses.

A maioria dos entrevistados (82%) diz que suas empresas estão adotando medidas de adaptação à mudança do clima ou planejam fazê-lo. Estão economizando água (33%) e energia (9%), trocando equipamentos e lâmpadas e até diminuindo o uso do ar-condicionado. Muitos buscam diminuir o nível de poluentes e resíduos, cortar a emissão de carbono e produzir energia sustentável. Campanhas de reciclagem e conscientização são atividades listadas assim como estudos voltados à tecnologia e agricultura de precisão.

“Há um número bem razoável de empresas que estão adotando medidas de mitigação e isso chama a atenção, assim como o tom crítico das empresas sobre o governo”, diz Ricardo Baitelo, coordenador de clima e energia do Greenpeace. “Essa é uma tendência mundial – os governos estão esperando e as empresas, liderando – e é interessante constatar que no Brasil se tem esse direcionamento também.”

A pesquisa perguntou quais, entre as ações que o governo pode adotar para lidar com a mudança climática, têm maior potencial para favorecer a inovação, guiar investimentos de longo prazo e garantir retorno financeiro. As respostas foram múltiplas: desde investir em ferrovias e hidrovias para descentralizar o transporte por caminhões a modernizar a infraestrutura na produção de energia, pesquisar mais, estimular o etanol, investir na previsão do tempo e incentivar investimentos em novas tecnologias.

O universo de entrevistados foi principalmente masculino (93%), de 52 anos (média etária), diretores (74%) ou superintendentes (16%) de empresas de diversos segmentos econômicos – comércio varejista, alimentos, agropecuária, química, construção, metalurgia, farmacêutica, papel e celulose e energia, entre outros.

“O que interpreto desses dados é que as empresas começam a perceber que o enfrentamento das mudanças climáticas é algo que vai impor obstáculos para o nosso crescimento, mas também é uma questão de sobrevivência dos negócios e de competitividade”, diz Rittl.

Fonte: Observatório do Clima

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