Paraguai quer mudar ponte da Rota Bioceânica por invadir área indígena

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Fonte: Campo Grande News

A localização da ponte entre o Brasil e o Paraguai em Porto Murtinho, trecho crucial da Rota Bioceânica, deixou o projeto rodeado de incertezas. Isso porque a

Quando a ideia do corredor viário que ligaria Mato Grosso do Sul aos portos chilenos começou a ser ventilada, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) estudou a instalação da travessia em dois pontos.

O primeiro deles, mais barato e viável, custaria R$ 120 milhões que seriam divididos meio a meio com o país vizinho. Porém, os paraguaios já descartaram essa hipótese e sugerem outro projeto, oito vezes mais caro.

“Nós teríamos que examinar a possibilidade de evitar essa área de proteção ou eventualmente voltar à opção mais cara, mas isso seria extremamente prejudicial, uma vez que o tráfego grosso de caminhões passaria por dentro da cidade de Porto Murtinho. Teríamos que ver opções mais ao sul, só que quanto mais ao sul, maior o custo da construção do acesso à ponte”, afirma João Carlos Parkinson de Castro, coordenador-geral de assuntos econômicos da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores.

Ainda assim a Rota Bioceânica é vista com otimismo pelos quatro países e as objeções são tidas como empecilhos que serão resolvidos. Outras reuniões já estão agendadas, a primeira delas em agosto, para destravar não somente essa questão, mas a política alfandegária. A ideia é evitar que os caminhões parem quatro vezes nas barreiras, atrasando a viagem.

Sobre esse assunto, Castro afirma que estão sendo analisadas medidas como unificar os desembaraços aduaneiros automaticamente por meio de sistemas informatizados, de forma que as transportadoras cadastrem as cargas e todos os países já possam aprová-la antes que o caminhão deixe o país.

Há a opção de adotar lacres que permitam rastrear a carga, de forma que ela não precise ser vistoriada mais de uma vez.

Outro ponto a ser observado é com relação aos tipos de veículos que circularão pela rota, pois caminhões bitrens e treminhões não conseguirão subir a Cordilheira dos Andes em Paso del Jama, no Chile. “O caminho é uma serpente. Não haveria condições físicas para rodotrens ou bitrens fazerem as curvas. É fisicamente impossível”, afirma Castro.

Assim, as transportadoras teriam que dividir as cargas em veículos menores.

Luz no fim do túnel – Muito mais do que um meio de escoar a produção, a Rota Bioceânica representa ao Paraguai a possibilidade de integrar a região norte ao resto do país vizinho, que hoje não tem um só quilômetro de rodovia asfaltada.

“Esse é o objetivo da integração, da luta contra a pobreza. Incorporar as regiões que estão excluídas por falta de obras físicas. Temos um desafio muito grande”, afirma Didier Olmedo, diretor geral de Comércio Exterior do Ministério das Relações Exteriores paraguaio.

O governo local prevê U$ 1,4 milhão na construção de 1,4 mil quilômetros de rodovias, levando em consideração a Rota Bioceânica e os acessos até ela. Além disso, o país pagará metade da ponte na divisa com o Brasil e construirá outra na fronteira com a Argentina.

“Em agosto será aberta as ofertas de uma licitação internacional para construção desse trecho rodoviário de Carmelo Peralta até Loma Plata, no centro do Chaco paraguaio. Uma região muito produtiva, muito rica na produção de lácteos, milho, soja, algodão. Temos um trecho de 244 quilômetros na primeira etapa”, afirma Olmedo.

Sobre o local da travessia em Porto Murtinho, ele acredita que chegará a um acordo com o país. “Nós achamos que tudo pode ser bem atendido. As demandas para o desenvolvimento têm que ser atendidas em respeito ao meio ambiente, à dimensão social e temos muito território onde podemos acordar e acertar um novo traçado que respeite todos os elementos”, pontua.

Olmedo não soube informar a extensão territorial da área indígena ou a etnia que vive naquelas imediações.

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