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Porque o megaprojeto da Hidrovia Paraná-Paraguai é terrível para o Pantanal

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O Pantanal existe como a maior área úmida do Planeta graças a processos de milhões de anos, os quais criaram controles geológicos estruturais. Esses controles determinam a dinâmica da acumulação/retenção/escoamento de suas águas e, portanto, regulam a própria vida e sua diversidade.

Regiões como essa podem sofrer grandes intervenções para construir a Hidrovia.
Regiões como essa podem sofrer grandes intervenções para construir a Hidrovia.

A Hidrovia

O propósito maior da construção do megaprojeto da Hidrovia Paraná Paraguai é permitir que os conjuntos de barcaças com minérios e grãos naveguem o mais rápido possível nas 24 horas do dia, durante os 365 dias do ano. Para  isso é necessário a realização de grandes intervenções físicas para eliminar muitos dos controles geológicos dos rios.

Outra problema é que durante o período seco a profundidade dos rios é muito baixa, o que leva à necessidade de dragagens intensivas e permanentes – de grande interesse de empresas dragadoras, pois um trabalho eterno. Segundo pesquisas da década de 90 do século passado esse tipo de intervenção pode fazer com que áreas alagadas sequem, o que obviamente terá graves consequências para a biologia e a própria economia regional.

Se a drenagem for acelerada, perdendo o Pantanal sua condição de regulador, surgirão problemas em todo o Sistema de Áreas Úmidas, aumentando as cheias danosas ao longo dos cursos dos rios Paraguai e Paraná, no Paraguai e na Argentina.

Foto: Ahipar
Foto: Ahipar

Os principais controles

Os principais controles geológicos estruturais são as morrarias; os afundamentos ou aflorações de rochas: as curvas dos rios e os sedimentos depositados/acumulados. Tenha-se ainda em conta que o Pantanal apresenta atividades sísmicas que contribuem para alterar cursos de rios – um dos abalos sísmicos registrados na região chegou a alcançar 5,2 na escala Richter.

De uma maneira simplificada, pode-se dizer que os controles permitem que em parte do ano a região receba uma quantidade de água maior do que aquela que escoa ou perde por evaporação, enquanto que no outro período essa equação se inverte: ocorre mais “perda” por escoamento e evaporação do que a chegada de água. Uma parte das águas ficam acumuladas no subsolo.

Para saber mais sobre os riscos do megaprojeto, leia o documento Hidrovia Paraná Paraguai: O Megaprojeto Rearticulado, elaborado pelo Diretor Executivo da Ecoa, Alcides Faria.

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