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Apicultura sustentável: Manejo do apiário

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apicultura sustentável

O trabalho com abelhas e apiários é feito pela Ecoa no escopo do Programa Oásis. Confira como desenvolver a apicultura sustentável.

  • Abelhas são polinizadoras essenciais para a vida, pois elas atuam na reprodução de espécies vegetais;
  • O Programa Oásis tem como objetivo garantir a proteção dessas polinizadoras;
  • Os apiários são uma das ações executadas no âmbito do Programa;
  • Esta é a quinta parte do material elaborado sobre a apicultura sustentável, confira as demais ao final do texto;

*Esta é uma adaptação de um informativo produzido pela bióloga Nathália Rocha exclusivamente para o site da Ecoa e teve apoio do Projeto ECCOS, financiado pela União Europeia.

Leia a parte 4. Calendário apícola e as espécies.

 

Localização do Apiário

É importante frisar que qualquer atividade que o apicultor vá realizar com as abelhas, deve ser obrigatoriamente estudada usando a indumentária completa e apropriada sem improvisações. Além disso, deve possuir um conjunto de primeiros socorros e alertar pessoas próximas. 

Primeiro: A decisão de quando iniciar a vistoria das colmeias do apiário precisa ser baseada, principalmente, em um calendário apícola e na observação do comportamento das abelhas no alvado. A frequência das revisões depende da situação específica de cada colmeia. Para que um manejo seja mais eficiente deve-se adotar fichas individuais de acompanhamento para cada colmeia. Essas revisões podem ser realizadas em intervalos de tempo muito variáveis dependendo da ocorrência ou não de floradas e da sua intensidade, do tamanho da colônia, do tipo de produto apícola que é explorado, entre outros fatores.

Segundo: Antes da abertura da colmeia deve-se aplicar fumaça fria no alvado e aguardar cerca de três minutos para iniciar a retirada da tampa. Todas as pessoas devem estar posicionadas atrás ou nas laterais da colmeia e nunca à frente do alvado para não obstruir a linha de voo das abelhas e também não devem fazer gestos bruscos. 

Terceiro: Após a abertura da colmeia, algumas características do ninho devem ser avaliadas, como reservas de alimentos, presença de postura da rainha, quantidade de crias de operárias, qualidade dos favos e se algum precisa ser trocado, quantidade de zangões, presença de realeiras e a ocorrência de pragas e doenças. 

Fotos: Iasmim Amiden (Ecoa)

Estes itens são fundamentais para se definir a situação em que se encontra a colmeia e orientar possíveis intervenções para ajustá-la a um fim específico que se deseja. Estas vistorias também são o momento adequado para se identificar quais as colmeias estão em condições de serem mais produtivas e quais necessitam de algum tipo de ajuste para terem o seu desenvolvimento melhorado seja pela troca dos quadros com cera “velha” (escurecimento resultando da aplicação da própolis pelas abelhas africanizadas e dos resíduos da metamorfose desses insetos que permanecem nos alvéolos) por quadros com placas de cera alveolada, fornecimento de alimentação complementar, união de colônias fracas resultando em uma forte.

Uma das técnicas de manejo para melhorar os resultados na produção de mel é a colocar a primeira melgueira quando for constatando que 80% da área dos quadros do ninho estiver ocupada com crias e alimentos, quando está ocorrendo uma boa florada ou a sua previsão é para breve. A segunda deve ser colocada abaixo da primeira, quando 80% da área dos quadros da primeira melgueira estiver ocupada, e assim sucessivamente. No momento da coleta retira-se preferencialmente os quadros com mel operculado. 

Veja também: Apicultura no Pantanal – Oásis – Produção, Pesquisa e Proteção

Essas ações maximizam o potencial produtivo da colônia e também  contribuem para diminuir a possibilidade de ocorrência de enxameamento e a perda de produção resultante da diminuição do tamanho da família de abelhas africanizadas. 

Para montar e aumentar a produtividade de um apiário, é necessário um trabalho conjunto dos apicultores, reproduzindo as famílias mais produtivas, e dos pesquisadores melhorando as técnicas de manejo, bem como selecionando e distribuindo rainhas mais produtivas e adaptadas à região em que a apicultura é explorada para que seja realizada, se possível, a substituição das rainhas antigas anualmente.

boas práticas

As caixas nunca devem estar em contato com o solo, é importante manter a área ao redor das caixas limpas, sem mato alto, evitando o ataque de formigas e outras pragas. Muito cuidado ao aplicar práticas para controle dessas pragas, pois produtos químicos podem contaminar as caixas ou até mesmo todo o apiário, afetando a saúde e a mortalidade das abelhas.

Identifique suas caixas com o seu nome, telefone e outras informações que permitam a comunicação, isso é importante em situações onde seu apiário pode estar próximo a agriculturas ou sob ameaça.

Em relação as visitas, é recomendado visitar as colônias pelo menos uma vez por semana para o devido manejo. Como criador de abelha, é preciso avaliar a disponibilidade de alimento e necessidade de suplementação, a saúde da colônia, se há presença de pragas ou doenças, a higiene da colônia e, também, a taxa de postura de ovos, o nível de mortalidade da colmeia e se há ataques de outros animais. 

É fundamental realizar a troca de cera, pois irá estimular a reprodução e a produtividade das abelhas, além de ajudar na manutenção da higiene da colônia. 

Sobre a troca da rainha, sabe-se que pode ser realizada por seleção ou adquirir de outros apiários. O objetivo dessa prática é aumentar a produtividade e contribuir com a saúde da colmeia. Para obter uma rainha ideal, é preciso levar em consideração o tipo de produto apícola que será produzido. Ao observar uma baixa taxa de produção e, também, a diminuição da taxa de postura de ovos, é recomendado a troca da rainha.

Aconselha-se a preferência por rainhas selecionadas da região ou do mesmo apiário, evitando riscos como o trânsito de doenças e a dificuldade de adaptação ao ambiente.

 

 

Nathália Rocha
Nathália Rocha é graduada em Ciências Biológicas (UFMS) e Mestranda em Ecologia e Conservação (UFMS). Atuou como pesquisadora na Ecoa entre 2019 – 2020 no Programa Oásis de Conservação de Polinizadores 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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