/

Área de proteção e ecoturismo no Pantanal inclui um dos Sítios Ramsar

12 minutos de leitura
Borboletário Sesc Pantanal (Foto: Divulgação/ Sesc Pantanal)

Uma estadia no complexo do SESC Pantanal, entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, no Mato Grosso, representa a verdadeira tradução do termo ecoturismo. Tendo como base de hospedagem o Hotel SESC Porto Cercado, a Estância Ecológica SESC Pantanal, nome oficial do complexo, abrange várias unidades, com destaque para a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) SESC Pantanal, a primeira das 13 áreas do Brasil consideradas Sítio Ramsar no Brasil. Convenção de Ramsar é como ficou conhecida a Convenção das Nações Unidas sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, que visa proteger as áreas úmidas, como a do SESC Pantanal.

Chegar ao Hotel SESC Porto Cercado, desde Cuiabá, já constitui um passeio a ser curtido em detalhes. A cada trecho da rodovia Estrada Parque Porto Cercado (MT-370) o Pantanal se apresenta em sua exuberância e diversidade. Espaços com a vegetação típica do bioma se revezam com fazendas de gado e áreas úmidas com abundância de garças e jacarés, entre outras espécies que encantam os visitantes.

Em boa parte de seu trajeto, a rodovia foi projetada e estruturada em uma altura bem superior à do solo, como forma de prevenção às conhecidas inundações que contribuem para a riqueza biológica do Pantanal. Esta particularidade contribui para a sensação de se apreciar a paisagem pantaneira como em um voo rasante, perfeito para fotos e filmagens. Paradas ao longo do percurso são inevitáveis, para uma mirada ainda mais atenta e ampla do cenário que comove.

Às margens do rio Cuiabá, a 145 km da capital mato-grossense, o Hotel Porto Cercado conta com completa e moderna estrutura hoteleira, em sintonia com as características geográficas e culturais do local. São 116 acomodações, incluindo apartamentos para pessoas com deficiência, equipadas com ar condicionado, TV, frigobar, cofre, telefone e wi-fi. Completam a estrutura centro de convenções, restaurante, bar, lanchonete, piscinas, sala de jogos e fitness, cibercafé e outros espaços.

Borboletário

São muitas atrações para o ecoturista, mas o Borboletário é obrigatório. Entrar e permanecer alguns minutos – horas, talvez – no borboletário é uma experiência transformadora de quem passa pelo Hotel, por representar um emblema de preservação ambiental aliada à geração de renda.

Homens e principalmente mulheres, reunidas na Associação dos Criadores de Borboletas de Poconé, recebem ovos coletados no borboletário e cuidam das crisálidas ou pupas, que são as borboletas em fase de larvas e casulos. As crisáliadas retornam então ao borboletário, onde ocorre a eclosão, a maravilha que é o nascimento de uma borboleta. São 20 a 30 espécies protegidas, que podem ser apreciadas no borboletário, onde monitores fornecem todas as explicações necessárias. Cerca de 25 famílias vivem dessa atividade, uma contribuição anônima e essencial para a proteção das borboletas do Pantanal.

Na realidade, o borboletário integra o chamado Eixo Ambiental, composto ainda pelo pelo Centro de Interpretação Ambiental, Coleção Entomológica e Formigueiro. As crianças ficam fascinadas ao conhecer literalmente a fundo como funciona um formigueiro, a organização dos insetos, como as formigas promovem a “reciclagem” há milhões, quem sabe bilhões, de anos.

O cardápio aos visitantes tem outras preciosidades, como passeios pelos rios Cuiabá e São Lourenço, sobretudo aqueles de madrugada, sob a vigilância dos jacarés. A integração a uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, e ainda mais reconhecida como um dos Sítios Ramsar no Brasil, é obviamente a principal credencial do complexo Pantanal como um lugar especial para o ecoturismo.

RPPN SESC Pantanal

A RPPN SESC Pantanal foi assim considerada pela a Portaria n° 71/97N, de 4 de julho de 1997, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sendo a área de propriedade do Serviço Social do Comércio (Sesc). Já em 1998, mais uma Portaria, de n° 151/98N, reconheceu nova área adjacente à RPPN, e com isso a Reserva passou a ter oficialmente a extensão de 87.871,44 hectares.

Foram adquiridos outros 20.101 hectares posteriormente, constituindo territórios que, apesar de não serem formalmente estabelecidos como unidade de conservação, são considerados integralmente como RPPN na gestão e manejo. Assim, a área total protegida pelo SESC Pantanal soma 107.996 hectares, equivalentes a quase 1% da extensão total do pantanal mato-grossense. Trata-se da maior RPPN do Brasil, que, de antigas fazendas de gado desativadas, foi transformada em cenário de árvores exuberantes, solo fértil e fauna bela e diversa, local de pesquisas e principalmente de proteção.

A RPPN SESC Pantanal está situada no município de Barão de Melgaço, em território predominantemente pantaneiro, inundável em grande parte de sua extensão na época das chuvas. O perímetro total da Reserva atinge quase 300 km: no limite noroeste, faz divisa com um trecho de 80 km da margem esquerda do rio Cuiabá, ao leste com um trecho de 30 Km do rio São Lourenço, no limite sul faz divisa com fazendas de gado e a Terra Indígena Pirigara, e na fronteira norte, além de fazendas de gado, está localizado o Distrito de São Pedro de Joselândia, com uma população rural de aproximadamente 2.000 habitantes dispersos em pequenas comunidades rurais.

No ano 2000 a RPPN foi declarada pela UNESCO como Zona-Núcleo da Reserva da Biosfera do Pantanal e em 2003 foi reconhecida como Sítio Ramsar pela Convenção Ramsar de Áreas Úmidas. A Convenção das Nações Unidas sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, seu nome oficial, foi adotada no dia 3 de fevereiro de 1971 na cidade iraniana de Ramsar e entrou em vigor em 1975. A Austrália foi o primeiro país a aderir à Convenção, em 1975.

Já são mais de 160 países integrantes da Convenção, e mais de 2 mil áreas consideradas Sítios Ramsar. A RPPN SESC Pantanal foi a primeira área no Brasil declarada Sítio Ramsar. Com o Atol das Rocas, contemplado recentemente, são 13 as áreas consideradas Sítio Ramsar no país.

Com todos os instrumentos jurídicos, recursos humanos e materiais disponíveis, a RPPN gerenciada pelo SESC protege uma área representativa da riqueza biológica do Pantanal. Apesar de todos cuidados, permanecem ameaças contra o território, como a pesca predatória e os incêndios florestais.

Outras unidades – A Estância SESC Pantanal abrange outras unidades, que reforçam a sua vocação para o ecoturismo e a valorização da cultura local. Uma delas é o Parque SESC Baía das Pedras, localizado em Poconé e que, em seus 4.200 hectares, propicia várias atividades em um contexto rural, como cavalgadas, caminhadas e ambientes de contemplação da variada fauna.

Está instalada no Parque SESC Baía das Pedras, em uma área cedida em regime de comodato, a Base Avançada de Pesquisas no Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A Base foi montada para viabilizar estudos de diversas áreas do conhecimento, eventos científicos, aulas de campo e outras atividades acadêmicas. A infraestrutura conta com alojamentos, laboratório, auditório e refeitório construídos sobre palafitas em arquitetura indígena.

Também fica no conjunto do Parque SESC Baía das Pedras um aeródromo, que funciona como suporte às ações do Hotel Porto Cercado e monitoramento da RPPN. Outra unidade da Estância SESC Pantanal é o SESC Serra Azul, concebido para oferecer várias atividades de ecoturismo e promoção do desenvolvimento sustentável, como visitação à cachoeira com flutuação e tirolesa, destinos que podem ser agendados através das operadoras locais no distrito de Bom Jardim.

O SESC Serra Azul está situado no município de Rosário Oeste, entre a Serra Azul e a margem esquerda do rio Cuiabazinho, abrangendo uma área de 5.700 hectares. O acesso a partir de Cuiabá é através da rodovia Emanuel Pinheiro (BR-251) pela saída norte.

Mais uma unidade é o Centro de Atividades de Poconé, que oferece muitos serviços e desenvolve vários projetos para a comunidade de Poconé, que tem mais de 30 mil moradores. Com a pecuária como principal atividade econômica, Poconé é considerada como o Portal do Pantanal.

Um enorme leque de atividades de lazer, de turismo de aventura e contemplação, refúgio para descanso e pesquisas científicas em muitos segmentos. O SESC Pantanal é um claro exemplo do enorme potencial de ecoturismo do Brasil, ao aliar preservação natural com geração de renda e promoção e valorização da cultura local.

Fonte: Agência SN/ José Pedro Martins

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog