Por Luiza Rosa.
Rosana Claudina da Costa Sampaio é a mulher escolhida pela Ecoa por meio da qual homenageamos todas as mulheres neste 8 de março de 2021.
Mais conhecida como Preta, 50, é agricultora familiar e extrativista do assentamento Andalucia, que fica no município de Nioaque (MS). Desde 1991, momento em optou pela luta pela terra junto com seu companheiro, Altair de Souza, 53, quando ainda trabalhava em uma usina de álcool no interior do Mato Grosso do Sul – foi boia-fria -, articula-se em comunidade e vem assumindo papeis de liderança.
Em 1996 o assentamento Andalucia foi fundado e em 2003 foi criado o Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Cerrado (CEPPEC), que Preta presidiu, logo no começo, e hoje assume novamente a presidência em seu terceiro mandato não-consecutivo. O CEPPEC nasceu com o objetivo de condensar todas as atividades do assentamento em uma organização e de favorecer o assentamento Andalucia na captação de recursos para a execução de projetos, ação que o assentamento faz em parceria com a Ecoa.
Junto ao CEPPEC, à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e à Ecoa, Preta e o assentamento Andalucia conheceram o Baru como alimento e como produto comercializável. Até então, “a gente não sabia se fazia bem, se fazia mal, se era veneno ou não. As crianças começavam a comer a frutinha, a maioria dos pais achava que podia dar uma diarreia, que pudesse ser tóxico”, diz Preta à Ecoa. Compreenderam que o Baru era alimentício e começaram a extrai-lo, algo que ninguém ainda havia feito no Mato Grosso do Sul. Enriqueceram o cardápio dos próprios moradores do assentamento, depois passaram a vendê-lo e perceberam que havia mercado para o Baru. “Hoje a gente tem um mercado que consome o Baru em nível de estado, interestadual também tem clientes consumindo, tem empresas que compram Baru para fazer produtos cosméticos, para fazer panificação, quase toda a cadeia de consumo você pode colocar o Baru, até no ramo cervejeiro já tem proposta com Baru.”, diz Preta.
Para saber mais sobre o processo de conhecimento, de extração e comercialização do Baru no assentamento Andalucia, veja este vídeo produzido pela Ecoa, do projeto Eccos.
Preta também integra a Rede de Mulheres Produtoras do Cerrado e do Pantanal, que tem uma agenda extensa de luta pelos direitos da mulher, que vai desde a comunicação com o poder público, até direitos trabalhistas, qualificação, mercado e conservação. Por meio da Rede, Preta percebe que há apoio, amparo emocional e de propósitos.
Preta tem uma forte relação de companheirismo com Altair, que se baseia na admiração que ele tem por ela, por ser uma mulher inteligente, sábia, dinâmica e responsável. Eles têm três filhos, Deusane, Adam e Sulivan, e quatro netos, João Pedro, Ana Luísa, Yan e Alana.
“A proposta de desenvolvimento sustentável me ensinou muito a persistir. Como produtora, agricultora e, hoje, extrativista, eu me sinto parte desse elo e o que eu aprendi com isso foi a persistência, aprendi que a natureza está sempre ali se renovando, aprendi a vencer cada crise, cada dificuldade com paciência, porque a persistência nos leva a alcançar a realização dos nossos propósitos, nossos objetivos.”, relata Preta.
Foto: Luana Campos.