Por Alcides Faria, Diretor Executivo da Ecoa
Em dezembro de 2021, a Hidrelétrica Binacional de Itaipu anunciou que completava o plantio de 24 milhões de árvores. Este é um marco muito importante, principalmente considerando a sucessão de crises hídricas na bacia do rio Paraná.
Itaipu é a segunda maior hidrelétrica do mundo. O reservatório tem 1.350 quilômetros quadrados em território brasileiro e paraguaio. Suas turbinas geram mais de 10% da energia consumida no Brasil e cerca de 88,5% de toda energia elétrica consumida no Paraguai. A usina desenvolveu também um dos mais importantes projetos ambientais no País: o Cultivando Água Boa (CAB).
O site da Itaipu informa que o Cultivando Água Boa (CAB) foi criado em 2003. O programa é “um conjunto de iniciativas socioambientais baseadas em documentos nacionais e planetários e relacionadas com a segurança hídrica da região, com a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade, e com a promoção da qualidade de vida nas comunidades na área de influência da usina”.
Jarbas Teixeira, técnico ambiental de Itaipu, informa que a “faixa de proteção da Itaipu tem cerca de três mil vizinhos com quem temos que trabalhar, intermediar conflitos e dialogar”, ressaltando a importância dessas parcerias para evitar incêndios florestais e outros desastres.
Segundo Ariel Scheffer, superintendente de Gestão Ambiental de Itaipu, “18% da água da região é produzida pelo solo-vegetação-atmosfera”, o que evidencia a importância de se cuidar das florestas. As ações socioambientais podem levar a um ganho de dez anos para a usina.
A Usina e a crise hídrica e o assoreamento
A parte da bacia do rio Paraná, no estado Paraná, onde está a represa em território brasileiro, enfrenta a pior crise hídrica em quase um século de medição. A capital do estado, Curitiba, está sob ‘emergência hídrica’ desde 2019.
Durante o evento realizado para registrar as 24 milhões de arvores, dirigentes da Itaipu Binacional afirmaram que preservar a natureza é preservar o negócio de produção de energia. Hoje, se prevê 109 anos de vida útil para o lago da usina. A conservação das microbacias associada ao plantio de mudas ajuda a obter a matéria-prima, que é a água, reduzindo o assoreamento do lago da represa.
O assoreamento é um trabalho da natureza que não pode ser impedido, mas o manejo adequado do território aumenta a vida útil do lago. A vegetação protege os cursos d’água: aumenta a infiltração, abastece os lençóis subterrâneos e retém o arraste de terra para os córregos e rios. Além de diminuir o assoreamento dos lagos das usinas, esses processos aumentam sua vida útil ao acumular mais água e amenizar os impactos de grandes períodos secos.