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Números de insetos voadores caíram 60% desde 2004, aponta estudo

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Damian Carrington, The Guardian

O número de insetos voadores na Grã-Bretanha caiu quase 60% desde 2004, de acordo com uma pesquisa que contou respingos nas placas dos carros. Os cientistas por trás da pesquisa afirmam que a queda foi “aterrorizante”, já que a vida na Terra depende de insetos.

Os resultados no verão de 2021 foram comparados com os resultados de 2004. A queda foi mais alta na Inglaterra, com 65%, com o País de Gales registrando 55% menos insetos e a Escócia 28%.

Com apenas duas grandes pesquisas até agora, os pesquisadores afirmam ser possível que esses anos fossem excepcionalmente bons, ou ruins, para insetos, potencialmente distorcendo os dados. Por isso era vital repetir a análise todos os anos para construir um longo período de tempo e tendência de prazo.

Mas os novos resultados são consistentes com outras avaliações do declínio de insetos, incluindo uma pesquisa de pára-brisas de carros na zona rural da Dinamarca que foi realizada todos os anos de 1997 a 2017 e encontrou um declínio de 80% na abundância.

Os participantes da pesquisa britânica baixaram um aplicativo, Bugs Matter, que permitiu registrar suas viagens e o número de insetos esmagados em suas placas. A próxima pesquisa será realizada de junho a agosto.

“Este estudo vital sugere que o número de insetos voadores está diminuindo em média 34% por década – isso é aterrorizante”, disse Matt Shardlow, da Buglife, que realizou a pesquisa junto com Kent Wildlife Trust (KWT). “Não podemos mais adiar a ação, para a saúde e o bem-estar das gerações futuras, isso exige uma resposta política e social. É essencial que detenhamos o declínio da biodiversidade agora.”

Paul Hadaway, da KWT, disse: “Os resultados devem chocar e preocupar a todos nós. Estamos vendo declínios nos insetos que refletem as enormes ameaças e perda de vida selvagem de forma mais ampla em todo o país. Precisamos de ação para toda a nossa vida selvagem agora, criando mais e maiores áreas de habitats, fornecendo corredores para a vida selvagem e permitindo que a natureza se recupere”.

Os insetos são fundamentais na manutenção de um ambiente saudável, através da reciclagem de matéria orgânica, polinização e controle de pragas. Mas os cientistas por trás dos recentes estudos concluíram que estão passando por uma deterioração global “assustadora” que está “rasgando a tapeçaria da vida”. Uma revisão científica global em 2019 disse que declínios generalizados ameaçavam causar um “colapso catastrófico dos ecossistemas da natureza”.

A nova pesquisa incluiu quase 5.000 viagens feitas em 2021 e determinou o “splat rate” de cada uma, ou seja, o número de insetos registrados por quilômetro. Os dias úmidos foram excluídos, pois a chuva pode ter lavado alguns dos insetos.

No levantamento de 2004, realizado pela RSPB, apenas 8% das viagens não atingiram nenhum inseto. Mas em 2021, 40% das viagens não registraram um único inseto esmagado. A possibilidade de veículos mais novos serem mais aerodinâmicos e, portanto, atingirem menos insetos, foi descartada pelos dados.

As informações coletadas pela pesquisa não abordaram por que o declínio foi significativamente menor na Escócia. Mas Shardlow disse que os fatores conhecidos por prejudicar os insetos, incluindo fragmentação do habitat, mudanças climáticas, pesticidas e poluição luminosa, foram menos intensos na Escócia.

Além de exigir ação do governo e dos conselhos, Buglife afirma que as pessoas podem ajudar os insetos não usando pesticidas, deixando a grama crescer mais e plantando flores silvestres nos jardins. Se cada jardim tivesse um pequeno pedaço para insetos, coletivamente, seria provavelmente a maior área de habitat de vida selvagem do mundo, disse o grupo.

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