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Pantanal – Folha de S. Paulo e O Globo mostram situação crítica no Pantanal e riscos para 2021

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Por Alcides Faria, biólogo, diretor executivo da Ecoa, e Luiza Rosa,  jornalista (Ecoa).

 

– Peixes “muito miúdos”; cardumes tem um terço do volume do ano passado.

– ”Os peixes começaram a comer cipó-de-arraia para sobreviver. Vi uma coisa rara: pacu pulando para tentar comer” – Francisco Alberto, pescador de Porto Jofre, Poconé (MT).

 

O jornal Folha de S. Paulo esteve na Área de Proteção Ambiental (APA) Baía Negra, em Ladário (MS) e constatou que o nível do rio Paraguai está em 1,50m, quando o esperado seria de 3,50m. A Baía do Arrozal, na mesma região, está seca quando deveria estar em seu máximo.

Comunidades ribeirinhas em Porto Jofre, município de Poconé (MT), sofrem com a seca, com a escassez de peixe nos rios, a queda no turismo e a falta de vacinas contra a COVID-19, é o que mostra matéria de O Globo. O baixo volume de chuva fez surgir faixas de areia no meio do rio São Lourenço, na divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Sem os rios cheios a matéria orgânica seca, acumula, e se torna um rastilho de pólvora. Qualquer foco de fogo se alastra rapidamente.

No Podcast Café da Manhã, da Folha de S. Paulo, Sandra Manzano, proprietária da Pousada Xaraés, localizada no Pantanal do Abobral (MS), conta que em 2020 o fogo era tanto que atravessava o rio Abobral, que fica dentro de sua propriedade. Segundo ela, proprietários rurais que colocam fogo em suas propriedades para “limpar” a vegetação, dizem que fazem “fogo controlado”, ela se deu conta de que o fogo controlado não existe, pois o vento leva as queimadas para outras propriedades.

No Mato Grosso, ribeirinhos relatam em O Globo, que o fogo queimou árvores cujos frutos caíam na água e alimentavam a fauna dos rios. O pescador Francisco Alberto disse que hoje os peixes estão “muito miúdos” e que os cardumes tem um terço do volume do ano passado. ”Os peixes começaram a comer cipó-de-arraia para sobreviver. Vi uma coisa rara: pacu pulando para tentar comer”, conta, destacando que neste ano não teve ‘lufada’, que é como os pantaneiros chamam os cardumes de peixes se deslocando para reprodução.

Em artigo na Folha de S. Paulo, no dia 12 de junho, o jornalista João Mazini, coordenador da articulação Comitiva Esperança, atuante no Pantanal, chama atenção para a falta de planejamento integrado de ações por parte do governo federal e governos estaduais para o período mais seco e possíveis novos incêndios deste ano. “Uma série de sugestões foram feitas a órgãos de governo pelo Observatório Pantanal, coletivo que reúne 39 organizações da sociedade civil que atuam em prol das questões socioambientais na bacia hidrográfica do Alto Paraguai. Entre as principais estão formação e manutenção de brigadas de combate a incêndios; compra de equipamentos adequados; antecipação na contratação e mobilização do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais); e campanhas de orientação às comunidades pantaneiras.”, diz ele.

 

Foto de capa: Fogo acaba com vegetação na APA Baía Negra, em 2020. Arquivo Ecoa.

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