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Seca extrema no Pantanal gera falta de água, rios baixos e propicia o alastramento de incêndios

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Foto: Drone PMA

Por Luiza Rosa

 

O Pantanal passa pela pior seca dos últimos 50 anos. O nível do rio Paraguai, por exemplo, está muito abaixo do normal. Isso fica evidente quando vemos, por exemplo, o gráfico elaborado pela Marinha do Brasil que compara a média do nível do rio Paraguai, em Ladário (Mato Grosso do Sul), entre 2016 e 2020, com o seu atual nível, em 2021. Veja abaixo:

Gráfico da altura do rio Paraguai, elaborado pelo Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste da Marinha do Brasil

A situação já está dramática em algumas das regiões pantaneiras, como a zona rural de Poconé, Mato Grosso, que está contando com caminhões-pipa da Prefeitura para o fornecimento de água, porque o rio Bento Gomes, um dos rios que abastece o Pantanal e principal fonte da cidade, não conseguiu se recuperar ainda da seca somada aos incêndios em 2020.

Em todo o estado do Mato Grosso do Sul, o governo decretou estado de emergência em abril deste ano, devido ao indicativo de seca em praticamente todos os municípios. O volume de chuvas nos meses de janeiro a março ficou abaixo da média histórica e pelas réguas de medição dos rios da Marinha do Brasil, em Ladário haverá problemas de navegabilidade nos meses de setembro e outubro. A pedido do governo do estado do Mato Grosso do Sul, a partir de agora, as reuniões da Sala de Crise do Pantanal serão mensais, sendo que a próxima será realizada no dia 8 de junho.

“A seca tem impactos drásticos porque deixa o território suscetível a queimadas, que devastaram boa parte das regiões de coleta de extrativismo das matas nativas, dos frutos da bocaiuva, da laranjinha-de-pacu, isso causa uma redução grande da espécie e, consequentemente, da produção da sociobiodiversidade”, diz a socióloga da Ecoa Nathalia Eberhardt Ziolkowski, coordenadora da Secretaria da Rede de Mulheres do Cerrado e Pantanal (CerraPan).

“Vemos, por exemplo, que os frutos da laranjinha-de-pacu, que se dá à beira rio e depende muito da água dos rios, não estão vingando com a seca. Quando frutificam, não se desenvolvem bem ou são consumidos por espécies de fungos”.

No ano passado, foram queimados 4,5 milhões de hectares do Pantanal, cerca de 30% da região, sendo que isto corresponde somente à parte brasileira. Foram 2 milhões de hectares no Pantanal em Mato Grosso do Sul e 2,5 milhões de hectares em Mato Grosso. O fogo atingiu 12 municípios no Mato Grosso e 9 no Mato Grosso do Sul. A maior parte dos pontos de ignição se deu em terras com gramíneas, ou seja, em propriedades rurais e o fogo decorreu de ação humana. A seca contribuiu com o alastramento do fogo.

O combate a incêndios e queimadas é um trabalho permanente da Ecoa, tendo como base a prevenção, a educação ambiental e a formação de brigadas. A organização tem atuado no município de Ladário (MS), no trabalho de prevenção de novos incêndios na Área de Proteção Ambiental Baía Negra (Unidade de Conservação de 6 mil hectares, dos quais 2,5 mil queimaram); no noroeste do Pantanal, na região da Serra do Amolar, na foz do rio São Lourenço, na divisa dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e no município de Miranda (MS), fornecendo kits para aparelhar uma brigada comunitária voluntária de uma associação de pescadores, e trabalhando na formação de novos brigadistas com o Prevfogo/Ibama para operarem emergencialmente na defesa de seus territórios.

 

Foto de Capa: Drone PMA

Precisamos muito do seu apoio para o trabalho de defesa do Pantanal, na conservação e busca do desenvolvimento sustentável. Em 2020, muitos ajudaram a Ecoa a estar na linha de frente contra os incêndios, por exemplo. Esperamos contar com você: www.ecoa.org.br/apoie

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