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Frutos nativos do cerrado e pantanal são pauta de pesquisas científicas

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Estufa com o fruto bacuri. Foto: Alice Feldens/Fundect

Os biomas cerrado e pantanal possuem riquíssima biodiversidade e servem como conteúdo de muitas pesquisas científicas. As espécies frutíferas nativas dessas regiões vêm sendo o foco de produção científica da Unidade de Tecnologia de Alimentos e Saúde Pública (UTASP) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

A Unidade, que é ligada ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), envolve uma equipe multidisciplinar de professores, acadêmicos e bolsistas, com formação em cursos diversos, como Farmácia, Nutrição, Química, Biologia, Medicina Veterinária, Agronomia e Engenharia de Alimentos, além de colaboradores, como técnicos e moradores de assentamentos rurais.

Professora Rita de Cássia Guimarães e parte da equipe que realiza as pesquisas. Foto: Alice Feldens/Fundect
Professora Rita de Cássia Guimarães e parte da equipe que realiza as pesquisas. Foto: Alice Feldens/Fundect

De acordo com a professora e pesquisadora Rita de Cássia Guimarães, o trabalho de extensão e pesquisa tem ainda o objetivo de otimizar o uso dos frutos na alimentação, prevenindo doenças como diabetes, hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares. “Muitos desses frutos possuem uma complexa composição de substâncias e diferentes compostos bioativos (vitaminas, minerais, carotenoides, etc.), capazes de agir como antibióticos naturais, tendo ação contra alguns tipos de bactérias e fungos”, explica.

Há projetos também com enfoque na produção alimentícia como retorno econômico às populações locais, onde são oferecidos cursos sobre boas práticas de manipulação de alimentos, confecção de bolos, doces e conservas, além de técnicas para coleta, acondicionamento e transporte dos frutos, armazenamento e embalagem de produtos, pesagem e conservação.

Ainda, segundo Rita, existe uma preocupação da UFMS em se inserir no dia a dia da comunidade tudo o que é estudado e descoberto nas pesquisas, “publicar com excelência, mas também dar um retorno à sociedade”, argumenta.

O trabalho envolve os municípios e regiões de Nioaque, Corumbá, Dourados, Campo Grande, Serra da Bodoquena, Miranda, Corguinho e Passo do Lontra, entre outros, respeitando a época de frutificação das plantas para não afetar o meio ambiente.

Estufa com o fruto bacuri. Foto: Alice Feldens/Fundect
Estufa com o fruto bacuri. Foto: Alice Feldens/Fundect

Podem ser listados entre os frutos nativos até então estudados, o baru, a bocaiuva, o jatobá, o pequi, o araticum, a canjiqueira, o maracujá-do-campo, o pindó, a seriguela, a mangaba, o murici, o genipapo, a laranjinha-de-pacu, o acuri, a guavira, o tarumã, o pomêlo, dentre outros.

“Inicialmente, testamos com a comunidade universitária para saber quais produtos têm mais aceitação de sabor e textura. Podemos citar como exemplos a cuca de mangaba, o biscoito de bocaiuva, a barrinha de cereal com bacuri e a geleia de canjiqueira; todos produtos inovadores no mercado, de baixo custo e que não requerem um espaço industrial”, conta a pesquisadora Mariana Ferreira Prates.

O trabalho da equipe, além de gerar estudos científicos, também tem buscado estimular o extrativismo de frutos nativos sul-mato-grossense de modo consciente, por meio do conhecimento das espécies vegetais, do resgate de antigas receitas culinárias e de hábitos culturais saudáveis, valorizando a cultura e biodiversidade local.

Fonte: Alice Feldens – Mídia Ciência/Fundect

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