Durante os primeiros quatro meses do ano de 2020, a Bolívia registrou mais de 15.000 focos de incêndios florestais. O número indica que havia um terço a mais do que no mesmo período do ano passado, segundo dados relatados pela ONG Fundación Amigos de La Naturaleza (FAN)*. Por outro lado, devido à quarentena decretada pelo governo boliviano para impedir a pandemia do novo coronavírus, a queima de pradarias foi “consideravelmente reduzida”.
“Entre janeiro e 24 de abril de 2020, 15.354 fontes de calor foram registradas na Bolívia”, que “excedem 35%” no mesmo período de 2019, observou a FAN, que alertou que “ameaça repetir” os graves danos ambientais que ocorreram no ano passado. Segundo o que a organização explicou, as informações de satélite da NASA foram usadas para preparar um relatório das fontes de incêndio, embora não quantificasse os hectares queimados.
Segundo relatório da ONG, os incêndios florestais destruíram no ano passado 6,4 milhões de hectares na região amazônica do país. Foi um dos incêndios mais graves nos últimos 10 anos. A emergência levou vários países da América Latina e Europa a cooperar e a mobilizar bombeiros e navios-tanque.
O chefe da FAN, Carlos Pinto, explicou que a queima está em áreas de uso agrícola. “Isso significa que o que está sendo detectado corresponde à queima controlada para permitir a agricultura”.
Em relação às condições gerais, a ONG explicou que as “condições de risco associadas ao clima e à umidade da vegetação durante o primeiro trimestre deste ano são semelhantes às registradas no mesmo período de 2019, onde foram registradas condições de déficit hídrico”. No entanto, esclarecem: “Ainda não estamos em uma estação seca e as condições climáticas são favoráveis para evitar incêndios como tal”.
Em relação aos incêndios em 2019, várias organizações ambientais declararam que o ex-presidente Evo Morales havia incentivado a queima de florestas e campos para expandir a fronteira agrícola por meio da promulgação de vários decretos. Enquanto isso, a administração do líder aimará atribuiu as reivindicações aos ventos e ao clima seco da região. As entidades ambientais pediram repetidamente para substituir essas regras.
Acesse aqui o Monitoramento de Queimadas e Incêndios Florestais na Bolívia de Janeiro-Abril de 2020.
*A FAN é uma organização parceira da Ecoa e atua conjuntamente para o monitoramento, prevenção e combate aos incêndios no Pantanal. Ambas as organizações fazem parte de um consórcio interinstitucional apoiado pela União Europeia, cujo nome ECCOS (Ecorregiões, Conectadas, Conservadas e Sustentáveis) carrega o Projeto que desenvolvem em regiões do Pantanal brasileiro e boliviano, do Cerrado e do Bosque Seco Chiquitano.
Foto de Capa: Carlos Orias B.