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Pantanal: depois do fogo, mulheres denunciam a destruição de seus ecossistemas e exigem políticas de prevenção

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A Rede de Mulheres do Cerrado e Pantanal (CerraPan) vem a público mostrar as drásticas consequências dos incêndios no Pantanal. Depois do Cerrado, do Chaco e da Chiquitania na Bolívia, o mês de outubro foi encerrado com o Pantanal em chamas.

Nossa biodiversidade foi inestimavelmente prejudicada. Não temos ainda a dimensão sobre quantas espécies nativas, de valor econômico para nossas famílias, foram afetadas, prejudicando, com isso, nosso trabalho dedicado a conservação, a soberania alimentar e nossa fonte de autonomia financeira.

Nossas comunidades, responsáveis pela gestão sustentável dos recursos naturais nos territórios, guardam experiências e saberes de gerações para enfrentar as crises ambientais que assolam nossos rios, matas, morros e campos, e agora nossas famílias precisam encarar os efeitos do fogo que consumiu as reservas extrativistas de bocaiuva (Acrocomia aculeata) e acuri (Attalea phalerata Mart. ex. Spreng.), bem como destruiu apiários de povos tradicionais ao longo do rio Miranda, entre outras que não tivemos alcance ainda, todas matérias primas dos produtos beneficiados comunitariamente e sustentavelmente, garantindo nossa sobrevivência.

Não conseguimos ainda estimar os danos às espécies nativas de uso alimentício, mas já sabemos que nossa coleta de matéria prima foi comprometida, reduzindo significativamente os volumes de estoque previstos para 2019/2020, com efeito direto para a comercialização, no atendimento às demandas.

A origem desses incêndios não sabemos, mas pedimos para as autoridades que invistam empenho e dedicação em práticas de orientação sobre o manejo do fogo, em ações que previnam incêndios criminosos e maior fiscalização destes, maior mobilidade de órgãos e ferramentas de combate a incêndio e formação de brigadas de incêndio locais com reconhecimento dos nossos saberes e ações pela conservação.

Devemos, a partir de agora, iniciar a recuperação dos nossos ecossistemas e, por isso, necessitamos apoio para diagnosticar os impactos causados pelo fogo. Queremos conjuntamente pensar e aplicar medidas mitigatórias frente aos graves prejuízos econômicos, sociais e ambientais.

Precisamos reconstruir o futuro.

O registro abaixo feito por Natalina Mendes, da Comunidade de Porto Esperança, mostra a devastação do fogo sobre o ambiente e os pés de acuri completamente queimados.

#QueimadaMata uma campanha permanente.

Foto de Capa: Jean Fernandes – Ecoa, 2009

Iasmim Amiden

Jornalista e Coordenadora do Programa Oásis da Ecoa.

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