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Projeto de restauração no Pantanal engloba atividades como educação, palestras e fortalecimento de brigadas

11 minutos de leitura

Por Manuela Nicodemos e Alíria Aristides, Comunicação Ecoa

O Pantanal e suas comunidades continuam resistindo aos incêndios, alterações no uso do solo e efeitos consequentes das mudanças climáticas. Neste contexto, está inserido o projeto “Restauração Estratégica e Participativa no Pantanal: na Área de Proteção Ambiental – APA Baía Negra”, aplicado na Área de Proteção Ambiental Baía Negra, região de Ladário – MS.

O projeto conta com apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e é executado pela ECOA em parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Em conjunto com algumas moradoras e moradores da APA, são desenvolvidas ações que visam a restauração ecológica de locais degradados por mineração, deposição de lixo e invasão biológica da planta exótica leucena.

Conheça algumas das atividades mais recentes compreendidas no âmbito do projeto:

Participação em evento

Felipe Borges, técnico do projeto (Foto: Victor Hugo Sanches)

Nos dias 03 e 04 de maio, Felipe Borges, técnico do Projeto de Restauração da APA Baía Negra, participou do 2º Seminário de Intercâmbio dos Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas em Unidades de Conservação apoiados do Projeto GEF Terrestre: “Monitoramento da recuperação da vegetação na Caatinga, Pantanal e Pampa”.

O intuito do evento era o de promover o intercâmbio das experiências a nível nacional e compartilhar informações acerca das ações de cada projeto, sobre as atividades já realizadas, os próximos passos e os resultados alcançados.

O evento também teve por foco a troca de saberes acerca da importante etapa do monitoramento da recuperação/restauração. Trazendo importantes discussões sobre os indicadores e metas para cada situação de trabalho, em cada bioma.

No âmbito das ações que estão correndo no projeto na APA Baía Negra, a tecnologia de monitoramento é destaque. Através da metodologia da Ciência Cidadã, os(as) monitores(as) da própria comunidade conseguem levantar informações acerca do progresso das intervenções ecológicas já realizadas.  Por exemplo, a avaliação sucessiva do indicador “cobertura do solo” pode permitir o acompanhamento de como esse aspecto funcional da vegetação é restaurado no tempo.

O monitoramento participativo permite também caracterizar e mapear elementos fundamentais para o andamento do projeto: Ao indicar os locais onde há elevada mortalidade de mudas, presença de fauna nativa ou exótica, ocorrência de fogo, descarte irregular de lixo, presença de leucenas, entre outros aspectos, o método gera uma ferramenta de gestão de suma importância.

Monitoramento participativo (Foto: Victor Hugo Sanches)

O projeto vai à escola

(Foto: Thiago Miguel)

Thiago Miguel, biólogo e técnico no projeto, foi convidado pelo Colégio Adventista de Campo Grande para conversar com os alunos na Semana do Meio Ambiente.

Em especial, foi abordado o trabalho de restauração desenvolvido na Área de Proteção Ambiental Baía Negra, em Ladário (MS). Os alunos ouviram sobre as principais etapas desenvolvidas, a importância do trabalho e as metodologias utilizadas, como a Ciência Cidadã.

Segundo Thiago, os(as) alunos(as) participaram ativamente do bate-papo e fizeram diversas perguntas, principalmente sobre a APA Baía Negra e o Pantanal, local onde é desenvolvido o trabalho.

 

Thiago Miguel, técnico do projeto (Foto: Thiago Miguel)

Prevenção ao fogo

A participação de dois brigadistas da APA Baía Negra de uma capacitação para estratégia de prevenção ao fogo conhecida como Queima Prescrita. Virgínia Paz e João de Assis representaram o Brasil no evento trinacional, que também contou com participação de brigadistas da Bolívia e Paraguai.

A atividade teve como objetivo reduzir a intensidade de possíveis incêndios no Pantanal a nível transfronteiriço. Além disso, foi uma oportunidade para fortalecer o treinamento de grupos de combate locais, assim como promover a troca de experiências entre os(as) participantes.

Foto: Carlos Pinto – Fundación Amigos de la Naturaleza/Bolívia

O treinamento aconteceu entre os dias 12 e 16 no Parque Nacional Otuquis, na Bolívia. A ação conta com apoio da WWF-Bolívia e é promovida com o apoio técnico da Fundación Amigos de la Naturaleza, Fundación Pau Costa, Serviço Nacional de Áreas Protegidas da Bolívia, da Unidade de Resposta Internacional em Incêndios da Espanha e da Direção de Recursos Naturais de Santa Cruz.

Fortalecimento de brigadas

O Suporte do Fundo CASA Socioambiental para a consolidação de Brigadas Comunitárias de combate a incêndios no Pantanal possibilitou a entrega de equipamentos a 8 comunidades pantaneiras, entre elas a APA Baía Negra.

Fotos: Victor Hugo Sanches

Realizada em parceria com o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Prevfogo/Ibama, a iniciativa que vem marcando a soma de esforços entre o Ibama e a ECOA ao longo dos últimos anos, que visa além de enfrentar os incêndios do ponto de vista prático, oferecer formação técnica no manejo do fogo e fortalecimento da organização comunitária para a compreensão da prevenção e enfrentamento aos incêndios no Pantanal. Na ocasião, dois brigadistas do Prevfogo/Ibama ministraram a formação para representantes dos dois esquadrões da APA Baía Negra.

Controle de leucenas

Um dos principais desafios dentro do projeto é o controle da Leucena (Leucaena leucocephala) na APA Baía Negra. A planta exótica, originária da América Central, consegue se propagar facilmente em locais onde encontra oportunidade. O crescimento rápido e a grande produção de sementes são fatores que propiciam o alastramento da espécie.

O controle mecânico, ou seja, sem uso de herbicidas, é feito de duas formas: através da poda rasa. Por ter fácil rebrota, a supressão das leucenas exige o acompanhamento ao longo de todo o período de execução do projeto. Além disso, foram criadas brigadas de controle com moradores(a) da APA, que trabalham em mutirões mensais para impedir a propagação e rebrota da espécie.  Outro mecanismo de controle envolve a semeadura de adubo verde de grande porte, como o feijão guandu, a fim de tornar o ambiente mais desfavorável a Leucena por meio da competição por recursos.

Foto: Victor Hugo Sanches

Para o plantio previsto no projeto, as mudas escolhidas são de plantas nativas como a piúva, ou ipê-roxo, conhecidas pela beleza de suas flores. Além dos benefícios da própria restauração, o plantio também beneficia o ecoturismo sustentável promovido na APA.

Plantio de mudas nativas

 A partir do interesse da comunidade da APA Baía Negra, foram realizados plantios de mudas nativas durante o primeiro semestre do corrente ano.

Foto: Victor Hugo Sanches

As etapas iniciadas com a limpeza do lixo e a adubação de boro (mediante análise de solo e de sua referência positiva), seguido da roçada do capim exótico para chegar ao plantio de mudas nativas e semeadura da adubação verde.

As mudas foram adquiridas da produção local das comunidades: APA Baía Negra, da comunidade da Aldeia Terena La Lima, Miranda (MS), além do viveiro municipal de São Gabriel do Oeste (MS). O plantio se deu de maneira satisfatória sempre com a participação ativa da comunidade e equipe. A fixação das espécies está sendo monitorada constantemente pela equipe técnica do projeto e até o momento estão se desenvolvendo bem.

Manuela Nicodemos

Comunicóloga e Socióloga da Ecoa

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