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Terra dos apaixonados: um relato de viagem ao Pantanal

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Rio Paraguai (Foto: Raquel Alves / Arquivo Ecoa)

Relato de viagem ao Pantanal por Raquel Alves, estudante de Jornalismo e estagiária da Ecoa

O Pantanal é para os fortes. Ele te desafia do início ao fim. Entender que a relação será marcada pelo desafio é essencial para desfrutar da experiência. O Pantanal é um desafio até para seus próprios filhos e filhas. Ele não faz distinção entre quem é de casa e quem é de fora. 

Durante a breve viagem ao Pantanal pude conhecer algumas das lideranças das comunidades com as quais a Ecoa atua. Isso foi essencial para dimensionar o trabalho da Organização. O mais fascinante sobre a Ecoa é o trabalho em conjunto com os povos tradicionais. Antes de começar a estagiar aqui nunca pensei sobre a necessidade da atuação em conjunto com povos locais. Preservação ambiental exige a participação de pessoas. Não basta proteger animais e plantas sem pensar no todo, o que envolve também as comunidades. 

O convite ao desafio está presente em todo o Pantanal (Foto: Raquel Alves / Arquivo Ecoa)

A conservação pede por indivíduos. Isso era algo óbvio para mim, mas nunca pensei sobre quem são esses indivíduos. A conservação ambiental não pede por figuras com nomes de peso, como presidentes, influencers, atores e atrizes. Claro que com a participação de sujeitos com grande visibilidade a causa chega a novos lugares. Mas tudo começa com os povos tradicionais. São eles que vivem diariamente com a natureza. Eliane, Joana, Virgínia, João, são os maiores detentores de conhecimento sobre o Pantanal. Sendo assim, a participação deles é óbvia para a conservação. 

Dar nomes e colocar rostos a esses nomes foi primordial para entender que o trabalho da Ecoa não se limita a salvar animais ameaçados, ele empodera e apoia povos locais para que sejam protagonistas da conservação. 

O Pantanal desafia e encanta diariamente seus filhos e filhas (Foto: Raquel Alves / Arquivo Ecoa

Na viagem tivemos a companhia de dois costarriquenhos, Fernando e Max. A presença deles expandiu meu horizonte sobre a pauta ambiental. Antes de nos encontrarmos, Max e Fernando passaram por diversos lugares na Amazônia para falar sobre Bosque Modelo. O breve conhecimento que foi trocado durante a viagem me fez ver que é possível que diferentes agentes atuem juntos sem causar grandes danos ao ambiente. Agentes esses que de forma separada parecem não conversar e serem prejudiciais para a natureza. 

Todos que se encontram no Pantanal concentram conhecimentos que chegam a intimidar, no bom sentido. Todos possuem uma história para contar (na verdade muito mais que uma história). É o tipo de companhia que você só quer escutar para absorver todo o conhecimento. Cada um ali tem histórias tão atrativas que nem quis contar sobre mim por estar tão imersa no outro que não queria desviar o foco daquelas pessoas. 

Dona Virgínia (Foto: Raquel Alves / Arquivo Ecoa)

O Pantanal é para os apaixonados. Os que estudam a região são apaixonados, assim como seus moradores que reverenciam sua beleza e biodiversidade. Dona Virgínia, moradora da Área de Proteção Ambiental Baía Negra, é uma das apaixonadas pela região. Por seus relatos é visível que para ela ver uma onça desperta mais admiração do que medo.

Apesar dos desafios, digo com total certeza que o Pantanal me cativou. Mal posso esperar para retornar e conhecer mais histórias.

Raquel Alves

Jornalista do núcleo de comunicação da Ecoa e comunicadora do projeto restauracción

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