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Estudo mostra o estrago que fazem as represas – Um problema também no Pantanal

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Represas geram impactos sociais, ambientais e econômicos. As represas no Pantanal podem ser uma sentença de morte.

Publicado originalmente em 14 de agosto de 2018

Revista Forbes publica artigo: O inesperado grande impacto das pequenas represas

 

As chamadas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) são apresentadas, há algum tempo, como uma fonte limpa de geração de energia elétrica por seus menores impactos ambientais quando comparados com grandes represas. Agora, estudo apresentado em artigo da Forbes (The Unexpectedly Large Impacts Of Small Hydropower) para esse tipo de empreendimento mostra que as PCHs, na verdade, “têm um impacto maior por megawatt do que os grandes projetos hidrelétricos”.

A Bacia do Alto rio Paraguai (BAP), onde está o Pantanal, tem hoje dezenas de PCHs em operação e a previsão é de que outras 99 serão instaladas nos próximos anos. A Ecoa tem estudado o tema e a conclusão é que o barramento trará efeitos ambientais, sociais e econômicos negativos de grande monta para o Pantanal, sendo o mais visível deles o impedimento da migração de peixes para a reprodução. Tendo em conta que a pesca é a atividade que mais gera trabalho e renda, pode-se deduzir os efeitos econômicos e sociais advindos das represas.

Um elemento importante a considerar é que se todas as PCHs previstas somassem às já instaladas, a energia gerada seria insignificante para o país. A flagrante assimetria entre os benefícios e os prejuízos, principalmente ambientais e sociais, está claramente identificada. O artigo da Forbes conta que na Suíça foi criada uma lei para tarifas feed-in – tarifa que acelera o investimento em tecnologias de energias renováveis por meio da oferta de contratos de longo prazo com os produtores de energias – que impulsionou a construção de PCHs no país.

O texto da Forbes, traduzido por ClimaInfo, ressalta que “da China ao Brasil e países dos Bálcãs, vários países aprovaram políticas que reduzem a necessidade de planejamento e regulação para PCHs, muitas vezes dentro de programas de redução das emissões de gases de efeito estufa. Embora as PCHs não inundem vales inteiros, como costumam fazer as grandes represas hidrelétricas, elas fragmentam os cursos de água, impedem ou no mínimo dificultam a migração dos peixes rio acima e desviam a maior parte da água dos canais principais para as casas de força, deixando longos trechos com fluxo drasticamente reduzido durante a maior parte do ano. Isso sem falar da degradação estética da paisagem. Estudos feitos na Noruega, na Espanha e na China, concluíram que as PCHs têm um impacto maior por megawatt do que os grandes projetos hidrelétricos. No exemplo da bacia do rio Douro, na Espanha, projetos hidrelétricos com menos de 10 MW causam quase ⅓ dos impactos hidrelétricos na bacia, enquanto produzem apenas 7% do total de energia gerada. Além disso, as 140 PCHs ali existentes criaram sete vezes mais barreiras (para, por exemplo, a movimentação de peixes) do que as 17 grandes da bacia hidrelétrica, para gerar uma energia 15% mais cara e menos flexível para o atendimento da demanda da rede”.

Na Bacia do Alto Paraguai, a construção das PCHs, principalmente quando analisada em conjunto com outros empreendimentos de maior porte, apresenta impactos evidentes sobre a biodiversidade, as populações ribeirinhas e a economia de regiões onde estão instaladas.

Ao lado, alguns textos sobre o assunto podem ser acessados.

 

Por Silvia Santana e Alcides Faria

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