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Presença da China na Bacia do Pantanal

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Foto: Getty Images

A proliferação de represas na região da Bacia do Alto Paraguai é uma das principais ameaças para a manutenção do Pantanal uma vez que alteram todo o ecossistema pantaneiro e gera impactos socioambientais sem precedentes. Entretanto, além do olhar direcionado para essas obras em si, é necessário compreender a origem do financiamento para a construção das mesmas.   

Por isso, a Ecoa realiza o monitoramento do financiamento dessas estruturas, com intuito de mostrar os principais responsáveis por esses empreendimentos e influenciá-los a deixar de financiar atividades danosas ao meio ambiente, bem como a incluir atividades mitigadoras de impactos quando isso for possível. Um dos principais financiadores de barragens no Pantanal e no Brasil são empresas ligadas ao governo da China.  

Leia também: O investimento chinês em energia no Brasil

Uma das situações preocupantes que a Ecoa monitora e atua para impedir é a possível instalação de seis barragens ao longo do rio Cuiabá, um dos principais abastecedores do Pantanal.  

A presença chinesa chamou atenção no trabalho de identificação de financiadores dos seis empreendimentos hidrelétricos do rio Cuiabá. O grupo estatal chinês China Energy Engineering Group Co. Ltd (Energy China) é o principal financiador do complexo hidrelétrico que pode gerar um desastre para todo o Pantanal. Conforme documento assinado em Macau, na China, em julho de 2021, há um acordo de parceria para a construção das seis barragens com valor estimado de US$381 milhões.  

Cuiabá, a cidade e o rio (Foto: Jeff Belmonte)

Segundo o grupo Energy China, o acordo foi assinado por videoconferência com dois empreiteiros brasileiros – Maturati Participações S.A. e Meta Serviços e Projetos Lda – durante o 12.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas. A empresa China Gezhouba Group International Engineering Co Ltd., subsidiária do Energy China, vai liderar o projeto, incluindo a construção de uma rede de transmissão eléctrica com 130 quilómetros de extensão a ligar as barragens a subestações eléctricas em Mato Grosso.  

Outra situação semelhante acompanhada pela Ecoa é a do rio Cabaçal. Localizado no estado de Mato Grosso (MT), o rio está sob ameaça de barramento em vários trechos com a construção de um “complexo hidrelétrico” de seis represas, distribuídas por seis municípios. Neste caso, também existe a possibilidade de financiamento de origem chinesa.  

Foto: FORMAD

Financiamento do desenvolvimento 

A construção de barragens nos dois rios citados acima demonstra como, se não for bem aplicado, o financiamento do desenvolvimento pode gerar grandes impactos socioambientais para o Brasil. Como sempre, o dinheiro vai pra o exterior, mas os danos permanecem no local. 

Por isso, é fundamental investigar quem são os financiadores das mais de cem represas que estão planejadas na bacia pantaneira. 

As informações trazidas são importantes para entender mais amplamente os processos de financiamento do desenvolvimento e contribuir no desenho cenários e estratégias de atuação.  

Para a Ecoa os investimentos chineses e os dos bancos de desenvolvimento como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) interessam no que tange a infraestruturas, destacando as de transporte e energia elétrica em algumas regiões como as bacias dos rios Paraná e Paraguai – esta última pela presença do Pantanal, área prioritária para a organização. 

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